O presidente do Peru, Martín Vizcarra, dissolveu nesta segunda-feira, 30, o Parlamento, controlado pela oposição fujimorista, e anunciou a convocação de novas eleições. A decisão veio depois de o Congresso do país ter desafiado suas advertências e nomeado um novo membro do Tribunal Constitucional. O líder peruano acusa o Legislativo de repetidamente tentar bloquear suas reformas anticorrupção.
O escândalo da Odebrecht atingiu quatro ex-presidente do país, incluindo o antecessor de Vizcarra, Pedro Pablo Kuczynski.
Em resposta à medida, parlamentares pediram a abertura de um processo de impeachment do governante. Alguns deles prometem resistir fisicamente a qualquer tentativa de mandá-los para casa.
O Congresso do Peru não era dissolvido desde 1992, durante o regime de Alberto Fujimori.
“Decidi dissolver o Congresso e convocar eleições parlamentares”, declarou Vizcarra em um pronunciamento pela televisão, em meio ao agravamento do conflito entre os Poderes. O presidente enfatizou que a medida faz parte de seus poderes constitucionais.
Vizcarra disse ainda que o Parlamento negou a ele um voto de confiança antes solicitado. Segundo a Constituição do Peru, um presidente pode fechar o Congresso e convocar eleições caso o Legislativo rejeite em duas oportunidades um voto de confiança. O Parlamento atual já havia negado um voto de confiança ao governo durante a gestão de Pedro Pablo Kuczynski, que Vizcarra substituiu após a renúncia daquele por acusações de vínculos com a construtora brasileira Odebrecht.
O atual presidente assumiu o poder em março de 2018 e seu mandato tem fim previsto para 2021.