A tentativa de uma flotilha militar ucraniana de chegar ao mar de Azov vinda do mar Negro, mas impedida por lanchas do serviço de proteção de fronteiras da Rússia, foi o estopim de uma perigosa situação no estreito de Kerch, que une esses dois mares. Por causa do incidente, ocorrido no domingo (25) a Rússia interrompeu fisicamente a passagem por esse estreito para os navios ucranianos (usando um cargueiro atravessado e navios de guerra), o que constitui um gesto sem precedentes desde a desintegração da União Soviética. As autoridades russas desbloquearam nesta segunda-feira a navegação no estreito. “O movimento pelo estreito de Kerch foi retomado”, disse o diretor da empresa KMP, que administra os portos da Crimeia, Alexei Volkov.
Segundo o relato ucraniano publicado no Facebook, a guarda-costeira do serviço de fronteiras da Federação Russa realizou “ações abertamente agressivas contra os navios da frota militar ucraniana”. E uma das embarcações da guarda-costeira russa arremeteu contra o rebocador, causando-lhe danos no motor, abaulamentos e a perda de um bote de salvamento, segundo esse comunicado.
Tais ações, segundo a versão ucraniana, violaram a “convenção da ONU de direito marítimo e o acordo entre a Ucrânia e a Federação Russa para a cooperação e o uso do mar de Azov e do estreito de Kerch”. O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) sustentou que a Ucrânia não informou sobre a passagem da flotilha e qualificou a travessia como “uma provocação intencional”. O serviço de imprensa da frota ucraniana acusou no Facebook as forças especiais russas de terem abordado e capturado três de seus navios, deixando dois feridos.
A Rússia se opõe à militarização do mar de Azov e ao ingresso de Ucrânia na OTAN. Na última quinta, a Rada Suprema (Parlamento da Ucrânia) aprovou uma emenda constitucional que estabelece o rumo pró-atlântico e pró-europeu do país.