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terça-feira 7 de abril de 2020 às 10:33h

Presidente da Nicarágua some em plena crise da Covid-19, diz imprensa local

MUNDO, NOTÍCIAS


A ausência do presidente nicaraguense Daniel Ortega por quase um mês gerou especulações sobre sua saúde e um ambiente de incerteza no país, onde as autoridades não adotaram medidas de contenção contra a pandemia de coronavírus.

O presidente de 74 anos não fala sobre a ameaça à saúde da Covid-19 e não aparece em público desde 12 de março, quando participou de uma conferência virtual com seus colegas da América Central para discutir a epidemia.

Enquanto os números confirmados da Covid-19 estão crescendo em todo o mundo, na Nicarágua, um país de 6,3 milhões de habitantes, apenas seis casos e uma morte foram detectados. O governo não informou quantos testes realizou.

O desaparecimento de Ortega gerou dúvidas nas redes sociais e na imprensa sobre seu estado de saúde e de sua família. As especulações cresceram quando ele não compareceu ao funeral do deputado Jacinto Suárez, um amigo próximo dele, na sexta-feira passada.

A AFP consultou a presidência nicaraguense sobre o assunto, mas não recebeu resposta.

Os opositores recordaram a ausência do presidente no início dos protestos contra seu governo em abril de 2018, que desencadeou uma onda repressiva que deixou mais de 325 mortos, perdas econômicas milionárias e grave desemprego.

O presidente também não anunciou seu afastamento ao Parlamento, controlado pela Frente Sandinista e partidos aliados.

Segundo a Constituição, o Parlamento deve autorizar o afastamento do presidente por um período superior a 15 dias e, se não o fizer, pode declarar abandono do cargo ou incapacidade de governar.

A ex-guerrilheira Dora María Téllez afirmou que as ausências de Ortega durante as crises nacionais refletem “seu modelo de governo”, porque ele só gosta de sair anunciando grandes projetos como o canal interoceânico e outras “grandes fantasias, mas ele não gosta de enfrentar problemas”.

A Nicarágua é o único país da América Latina que não fechou fronteiras, que mantém escolas abertas e eventos, que foram duramente questionadas por médicos, empresários e opositores.

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