O presidente da Micronésia acusou a China de subornar funcionários e executar manobras ilegais para “minar” a soberania deste arquipélago do Pacífico, numa carta ao Parlamento obtida nesta sexta-feira (10) pela AFP.
“O que estamos vendo é uma batalha política em nosso país”, disse o presidente David Panuelo, cujo sucessor deve ser designado pela Câmara em maio.
Panuelo já havia criticado a crescente influência de Pequim no Pacífico Sul e, em particular, um acordo de segurança entre a China e as vizinhas Ilhas Salomão, que poderia abrir as portas para o envio de tropas chinesas para a região.
Mas em sua carta ao Parlamento ele foi mais longe, alertando para o risco de seu país, aliado dos Estados Unidos, acabar sendo um país vassalo dos interesses chineses no futuro.
Segundo ele, a China “demonstrou uma capacidade veemente de minar a nossa soberania, rejeitar nossos valores e usar nossos representantes eleitos para seus próprios interesses”.
Panuelo afirmou que membros de seu gabinete enviaram gravações de reuniões bilaterais para a China.
“Eles nos subornam para que sejamos cúmplices e nos subornam para que fiquemos calados”, denunciou o líder, que acrescentou ter sido alvo de “ameaças diretas” à sua segurança pessoal por parte de agentes chineses.
Panuelo revelou ainda que manteve negociações com o ministro das Relações Exteriores de Taiwan, para estabelecer um acordo que permita ao seu país afastar-se do financiamento chinês, e pelo qual Taiwan assumiria grandes projetos atualmente financiados por Pequim.
A China chamou as acusações de Panuelo de “calúnias” que “não têm nada a ver com os fatos”.
“A China sempre tratou todos os países, grandes e pequenos, como iguais”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, à imprensa.