O presidente da Funai, Marcelo Xavier, apresentou à Justiça da Espanha uma queixa contra o ex-servidor do órgão, Ricardo Rao, que realizou um protesto contra o governo de Jair Bolsonaro, em Madrid.
Rao pode ser enquadrado na Lei de Segurança Cidadã, conhecida na Espanha como Lei da Mordaça e amplamente criticada por movimentos sociais.
Na última quinta-feira (21), Xavier deixou um evento em Madri, depois de que passou a ser atacado publicamente por Rao, que questionava sua presença em uma reunião internacional sobre a questão indígena e o acusava de “miliciano” e “bandido”. Outras entidades também realizaram protestos durante o dia contra a presença de Xavier.
Constrangido diante das acusações feitas por Rao, o presidente da Funai deixou o local. O incidente ocorreu na XV Assembleia Geral da FILAC, Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e Caribe.
Na queixa apresentada à Justiça espanhola, Xavier alega que os ataques geraram um “dano para a imagem” do presidente da Funai. Ele cita, por exemplo, a presença de embaixadores do Paraguai e de Cuba no evento.
Rao, em conversa com o UOL nesta sexta-feira (22), explicou que foi abordado em duas ocasiões por policiais espanhóis, depois do ocorrido. Na primeira vez, após, o ato de protesto, ele foi alvo de um questionamento que levou cerca de 20 minutos.
No mesmo dia, depois de um segundo ato de protesto realizado por diversas entidades sociais, Rao voltou a ser questionado.
Em nota, a Funai confirmou que medidas legais seriam tomadas. A entidade vem sendo questionada por órgãos internacionais, parlamentares estrangeiros e mesmo por relatores da ONU diante do que observadores denunciam como sendo um desmonte das políticas de proteção aos povos indígenas no Brasil.
Rao deixou o Brasil e pediu asilo na Noruega, depois de sofrer ameaças de morte enquanto trabalhava como servidor da Funai, no Maranhão. Sus decisão de deixar o país ocorreu depois de ele entregar um dossiê sobre a suposta relação entre milícias e a direção da Funai.