A presença do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), na posse de Ricardo Lewandowski como ministro da Justiça foi vista com bons olhos pelo governo Lula, mas causou ruído junto à oposição. O magistrado foi indicado à Corte pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e ainda não tem a mesma proximidade com o Palácio do Planalto da maioria de seus colegas.
Interlocutores do presidente Lula da Silva (PT) enxergaram na presença de Nunes Marques segundo Augusto Tenório, do Estadão, mais um gesto de aproximação com o governo, sobretudo diante do contraste com o ministro André Mendonça. Outro indicado ao Supremo por Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça não compareceu à solenidade de posse de Lewandowski, ocorrida nesta quinta-feira, 1º, no Planalto.
O ministro Edson Fachin também faltou ao evento, mas os dois deram expediente no STF horas depois, para a cerimônia de abertura do Ano Judiciário.
Segundo apurou a Coluna do Estadão, o presidente têm interesse em se aproximar de Nunes Marques, e deixou a intenção clara ao avisá-lo que indicaria João Carlos Mayer Soares, um aliado do ministro, à vaga de desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).
Apesar do gesto de Nunes Marques, aliados de Bolsonaro tentam minimizar o episódio. Nos bastidores, afirmam que a relação do ex-presidente com o seu primeiro indicado ao STF está inabalada.
O deputado Marcel Vam Hattem (Novo-RS), vice-líder da oposição, porém, não esconde sua insatisfação. À Coluna do Estadão, o parlamentar afirmou que Nunes “faz parte do consórcio entre PT e STF”, e lembrou que o ministro deu voto favorável à cassação do agora ex-deputado Deltan Dallagnol, antes procurador da extinta força-tarefa da Lava Jato.