Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU), divulgada nesta quinta-feira (4), revelou fragilidades na venda da refinaria da Petrobras na Bahia durante o governo Bolsonaro. A refinaria, conhecida como Mataripe, foi negociada por US$ 1,65 bilhão (aproximadamente R$ 8 bilhões) ao fundo Mubadala Capital dos Emirados Árabes Unidos, em novembro de 2021.
O relatório da CGU aponta que a venda ocorreu abaixo do preço de mercado, sendo impactada pela pandemia da Covid-19, quando os preços do petróleo estavam em queda. A avaliação da CGU destaca a ausência de uma “medição de probabilidade realista em eventos futuros” e o uso de metodologias não convencionais na transação.
Segundo os cálculos do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), a refinaria, na época da venda, poderia valer entre US$ 3 bilhões (R$ 14,5 bilhões) e US$ 4 bilhões (R$ 19,4 bilhões). Essa discrepância sugere um prejuízo potencial superior a R$ 10 bilhões, segundo reportagem da agência Sputnik.
Além disso, há indícios de uma possível conexão entre a venda da refinaria e presentes recebidos por Bolsonaro da família real dos Emirados Árabes Unidos. Joias e esculturas recebidas durante duas viagens oficiais estão sob investigação da Polícia Federal.
O ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, ressaltou a importância de investigar essa possível conexão, destacando que, durante o governo anterior, foram feitas denúncias sobre as inconsistências da privatização da refinaria.
Vinicius Marques de Carvalho, ministro da CGU, informou que a auditoria sobre a venda da refinaria está nas mãos da Polícia Federal. Atualmente, a Petrobras está negociando a recompra da participação acionária na refinaria e planeja produzir diesel e querosene de aviação na unidade usando óleo vegetal.
Mataripe é a segunda maior refinaria do Brasil, contribuindo com aproximadamente 14% da capacidade total de refino no país.