Com o objetivo de compreender o cenário e as necessidades da comunidade, a Prefeitura de Salvador e o Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef) promoveram, nesta semana, a primeira escuta social no bairro de Valéria. Órgãos municipais intersetoriais convocaram representantes de diversos segmentos da localidade, para debater práticas e políticas de combate à violência, trabalho infantil e abuso sexual, no sentido de diminuir o índice de violação de direitos de crianças e adolescentes.
Após a palestra inicial, os participantes foram divididos em subgrupos, mediado por um agente provocador de discussões. Os pontos norteados nos diálogos serão compilados e, após avaliação interna, a comunidade receberá um retorno sobre as propostas apresentadas.
A iniciativa visa a construção do plano de ação do Projeto Salvador – Agenda Cidade Unicef, cujo memorando de entendimento será assinado entre a Prefeitura e o fundo. “Será criado um plano de ação, priorizando as atividades nesse território, ouvindo e compreendendo a realidade das pessoas envolvidas. Entendendo o que as crianças e adolescentes precisam, será possível estabelecer metas e ações a serem implementadas, para diminuir o índice de violência”, afirmou a coordenadora do Núcleo Especial de Apoio à Primeira Infância da Prefeitura de Salvador, Simone Café.
Motivação
Um estudo realizado pela Unicef, em parceria com a Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), identificou que os bairros com maiores índices de violações de direito de crianças e adolescentes em Salvador são Valéria e São Caetano.
A coordenadora de Políticas para a Infância e Adolescência do órgão, Dinsjani Pereira, afirmou que a escuta no bairro visa compreender a melhor forma de fazer intervenções, no sentido de diminuir índices agravantes “O objetivo é criar uma parceria e ouvir as ideias sobre o que precisa ser melhorado para infância e adolescência, na comunidade”, explicou.
A representante da Unicef, Helena Oliveira, ressaltou que o propósito é fazer um enfrentamento integrado em conjunto com diversos setores da gestão municipal, para combater o trabalho infantil, abuso sexual e sobretudo, os homicídios.
“O desafio é pensar estratégias de enfrentamento às violências de uma maneira integrada. A escolha de Valéria não foi por acaso, seus indicadores de violência são extremamente elevados e chamam atenção para a vulnerabilidade das crianças do território. A ideia é criar uma rede de proteção comunitária para o enfrentamento às violências.”
Representando o Conselho Comunitário do bairro de Valéria, Jaciara Santos afirmou que essa é uma iniciativa necessária para o enfrentamento ao crescente índice de violência no bairro. “O momento é muito difícil, com muitos jovens na comunidade precisando de assistência e projetos que fomentem o resgate da vida dessas pessoas”, defendeu.
Além de moradores do bairro, participaram da atividade representantes do Núcleo Especial de Apoio à Primeira Infância, Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre).