A Controladoria Geral de São Paulo, órgão da prefeitura municipal, decidiu abrir investigação própria a respeito da possível participação do crime organizado no transporte urbano na capital paulista, tema que foi levantado a partir de operação da Polícia Civil na quinta-feira (9).
Entre os alvos da polícia estão integrantes da direção da empresa Transunião, que atua na zona leste, e o vereador Senival Moura (PT), suspeito com envolvimento na morte de um ex-presidente da cooperativa e, também, com suposto envolvimento em lavagem de dinheiro do PCC. Duas pessoas foram presas na operação.
O vereador nega qualquer envolvimento e têm dito ser uma vítima do processo.
Nesta sexta-feira (10), representantes da prefeitura se encontraram com delegados da Polícia Civil para tratar do tema.
“A ida da prefeitura à Polícia Civil tem como objetivo a cooperação nos trabalhos de investigação e monitorar o andamento dessa de forma a garantir que não haja descontinuidade dos serviços aos 315 mil passageiros por dia”, diz o prefeito Ricardo Nunes (MDB) ao Painel, em referência ao número de pessoas transportadas pela Transunião.
A Controladoria também vai solicitar à Polícia Civil o compartilhamento de documentos da investigação da Polícia Civil para que possa avançar em sua apuração própria.
Um dos participantes do encontro foi Daniel Falcão, controlador-geral do município. Além dele, também estavam Gilmar Miranda, secretário de Transportes, Marina Magro, procuradora-geral do município, e o delegado Fábio Caipira, titular da investigação.
As investigações, de acordo com o Deic (departamento especializado em combate ao crime organizado), tiveram início após o assassinato de Adauto Soares Jorge, ex-presidente da Transunião, em 4 de março de 2020. A apuração levantou o envolvimento do crime organizado com a empresa.
A vítima, sempre segundo a polícia, era uma espécie de “testa de ferro” do vereador Senival Moura na direção da empresa, “que era utilizada para a lavagem de dinheiro de membros do PCC (Primeiro Comando da Capital)”. “O próprio vereador era proprietário de 13 ônibus que prestavam serviços para a empresa, que tem contrato com a prefeitura da capital no valor de R$ 100 milhões anuais”, diz trecho de nota da polícia.
Para a polícia, o ex-presidente não estaria realizando o repasse de valores devidos aos membros do PCC, motivo pelo qual foi desligado da empresa e teve “decretado” contra ele ordem de morte pela organização criminosa.