A prefeitura de Ilhéus, por meio da Secretaria Especial de Cultura (Secult), tem promovido diversas ações em comemoração ao Novembro Negro. Dando continuidade às atividades, a Secult visitou o único quilombo existente na cidade, certificado e reconhecido pela Fundação Cultural Palmares do Governo Federal, o Quilombo Morro do Miriqui, no Banco da Vitória. A agenda de visitas e as ações realizadas visam reforçar a luta contra o racismo, o preconceito e a discriminação racial.
As festividades que ocorrem durante todo o mês em alusão ao Dia da Consciência Negra, celebrado neste domingo (20), fazem referência à morte de Zumbi dos Palmares, principal líder do Quilombo dos Palmares, território quilombola que existiu no Nordeste no final do século XVII e que marcou a luta dos negros e das negras escravizados no Brasil.
Conforme Rosângela Santos, uma das lideranças do Morro do Miriqui, ser quilombola é ter vida constante em prol da comunidade. “Significa partilhar laços de pertencimento, experiências de vida, manter a tradição cultural de valorização da ancestralidade e de uma identidade negra comum”, disse ela, acrescentando que “apesar do quilombo não ser mais um lugar para se esconder, como já foi um dia, ainda é um local onde seu povo luta pela preservação de suas terras, território e tradições culturais”.
De acordo com dados do Governo Federal, os quilombos ocupam pelo menos 30% dos municípios brasileiros. Os modos de vida e manejo da natureza e da biodiversidade nos territórios quilombolas são baseados em práticas ancestrais de preservação e cuidado do território.
Essas práticas são essenciais para a sobrevivência e reprodução cultural, ancestral, religiosa, social e econômica de cada quilombo. A comunidade Morro do Miriqui mostrou ser possível produzir de maneira sustentável, através da produção artesanal de polpas de frutas, cultivo de mudas, hortas e flores, sem que ocorra qualquer agressão ao meio ambiente.
Nos últimos anos, cerca de 200 famílias de remanescentes de quilombos lutam contra a perda de seus territórios para invasores, entre outros fatores externos que dificultam a existência do quilombo, como a instalação de indústrias e empreendimentos próximos aos seus territórios, que acabam contaminando solo, desmatando áreas de preservação, ocasionando destruição ambiental que compromete os modos de vida e sobrevivência das comunidades.