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domingo 12 de janeiro de 2025 às 09:12h

Prefeitos nomeiam parentes para chefiar secretarias: isso é nepotismo?

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O prefeito de Moraújo, no Ceará, Ruan Lima (PSD), e o prefeito de Praia Grande, em São Paulo, Alberto Mourão (MDB), viram notícia nacional nesta última semana após nomearem familiares para secretarias em janeiro, argumentando que eles têm qualificações e confiança. O Supremo Tribunal Federal (STF) não considera esses casos como nepotismo.

O que aconteceu

Prefeitos nomearam parentes para cargos estratégicos. Lima colocou a noiva, estudante de medicina, para chefiar a Secretaria de Saúde, e o pai, a pasta de Relações Institucionais.

Mourão também designou familiares para cargos de gestão municipal. A pasta de Projetos Especiais e Estratégicos será chefiada pelo neto. O genro comandará a Secretaria de Governo, e a sobrinha, a de Serviços Urbanos.

A legislação permite que familiares assumam cargos políticos, mas com ressalvas. Segundo o STF, as nomeações não podem ter desvio de finalidade. Isso significa que os nomeados devem ser qualificados e não podem ocupar cargos apenas por laços familiares.

À esquerda, o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão; à direita, o prefeito de Moraújo, Ruan Lima, e a noiva, Letícia Osterno – Fotos: Reprodução/Instagram

Isso está previsto na Súmula Vinculante nº 13, que proíbe a nomeação de parentes para cargos públicos. Ela veda a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança. “Ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas”.

Em resumo, a Súmula proíbe a nomeação de parentes para cargos de:

  • Comissão: cargos de livre nomeação e exoneração;
  • Confiança: cargos que exigem confiança especial da autoridade nomeante;
  • Função gratificada: gratificação paga pelo exercício de uma função específica.

As exceções ocorrem nos seguintes casos:

  • Cargos políticos: a corte decidiu que a proibição de nepotismo não se aplica a cargos políticos, como ministros, secretários e outros cargos de primeiro escalão. A justificativa é que esses cargos são de natureza política e exigem uma relação de confiança entre o nomeado e a autoridade nomeante. No entanto, essa decisão gera debates e questionamentos sobre a linha tênue entre cargos técnicos e políticos.
  • Nepotismo cruzado: o STF também veda o nepotismo cruzado, que ocorre quando duas autoridades nomeiam parentes uma da outra.
  • Nomeações anteriores à Súmula: A Súmula Vinculante nº 13 não retroage para anular nomeações anteriores à sua edição, em 2008, salvo se comprovada fraude ou má-fé.
  • Casos específicos: o Supremo analisa casos específicos para verificar se configuram nepotismo, levando em consideração as peculiaridades de cada situação.
[Quando] o Poder Judiciário percebe que a nomeação tem finalidade única de favorecimento pessoal, de fraude à lei ou de nepotismo cruzado, é ilícito. Exemplo: a pessoa não tem qualificação nenhuma na área, nunca atuou ali, não tem conhecimento, de repente é alguém muito jovem que não tem experiência. Isso pode caracterizar um ilícito.Rafael Cezar dos Santos, advogado

Nomeações em família

A noiva do prefeito, Letícia Osterno, 25, está no último ano do curso de medicina. Ela assumiu a pasta responsável pela aplicação de R$ 5,8 milhões repassados pelo governo federal em 2024. A gestão afirmou que a escolha se baseou em critérios técnicos e confiança.

O pai do prefeito, Alex Lima, foi descrito por Ruan como “braço-direito” na captação de projetos e recursos para o município. Ambos prometeram doar os salários a projetos sociais, mas a prefeitura não detalhou os valores envolvidos.

Mourão nomeou três parentes para secretarias. Lucas Mourão, o neto, assumiu a recém-criada pasta, justificada como essencial para atrair investimentos e fomentar inovação na cidade.

Além do neto, Mourão indicou o genro, Cássio Navarro, e a sobrinha, Soraia Milan. Cássio foi nomeado para a Secretaria de Governo, e Soraia, que já era funcionária concursada, continuou na Secretaria de Serviços Urbanos. Ambos foram apontados como qualificados pela prefeitura.

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