Vereadores do Cabo de Santo Agostinho em Pernambuco autorizaram a manutenção do salário mensal de R$ 25 mil do prefeito afastado, detido pela Polícia Federal
Um pedido de licença remunerada de 90 dias proposto pelo prefeito afastado do Cabo de Santo Agostinho em Pernambuco, Lula Cabral (PSB), foi aprovado por 12 votos a quatro pela Câmara dos Vereadores do município nesta última terça-feira (27). Com a autorização, Cabral, preso desde 19 de outubro no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, em decorrência de uma operação da Polícia Federal (PF) poderá receber normalmente a remuneração mensal de R$ 25 mil.
O político é investigado pela participação em uma fraude de mais de R$ 90 milhões no Instituto de Previdência do Cabo (Caboprev). De acordo com a PF, Lula Cabral seria o mentor do esquema que transferiu metade dos valores mantidos nos fundos previdenciários do município para investimentos sem o devido lastro e com alto risco de perdas. O prefeito afastado teria recebido vantagens financeiras para ordenar essa transação.
A bancada de oposição do município promete ingressar com uma ação popular para impedir a concessão da licença. para o vereador José de Arimatéia (PSDB), a decisão tomada pela Câmara é imoral e ilegal. “Pela Lei Orgânica do município, só é permitido o afastamento em caso de doença grave ou em caso de viagem. Ele está afastado porque está preso por fraude”, alegou. O parlamentar defende que a medida é injusta com os moradores da cidade. “Eles querem que a população pague pelo salário de um prefeito que está detido no Cotel”, afirmou. A Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho não retornou as demandas feitas pela reportagem.
Operação Abismo
A Operação Abismo foi deflagrada pela PF no dia 19 de outubro em Pernambuco e em outros seis estados brasileiros. Foram cumpridos 42 mandados de busca e apreensão, 10 mandados de prisão preventiva e 13 mandados de prisão temporária. A mobilização policial foi deflagrada de forma simultânea em três cidades pernambucanas (Cabo, no Grande Recife, Vitória, na Zona da Mata, e Salgueiro, no Sertão) e em seis outros estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba, Goiás, Santa Catarina e no Distrito Federal).
Em Pernambuco, onde a fraude foi concentrada, foram emitidos seis mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 18 de busca e apreensão.