A Prefeitura de São Paulo afirmou nesta segunda-feira (11) em nota, que está “empenhada em encontrar uma data consensual com tempo hábil para planejar” um carnaval de rua fora de época em 2022. A realização dos desfiles chegou a ser tema de uma reunião na sexta-feira, 8, mas não houve consenso e organizações ligadas a blocos de rua criticaram o que consideram uma falta de diálogo da gestão Ricardo Nunes (MDB).
A situação também foi comentada pelo prefeito durante agenda pública pela manhã, na qual destacou estar disposto a encontrar uma data desde que tenha um tempo hábil para organização. “Pode ser junho, julho, agosto… Nós não estamos proibindo ninguém de fazer.”
Entre as possibilidades cogitadas, estaria a realização em conjunto com a Virada Cultural (28 e 29 de maio) ou no mês de junho (mas não no feriadão de Corpus Christi), porém a data definitiva segue em aberto. “O momento certo é aquele em que o poder público possa organizar a infraestrutura para dar segurança às pessoas”, acrescentou Nunes.
Questionado sobre a possibilidade de fazer em setembro, Nunes disse que a gestão aceitaria a proposta. “Como eles estão com muita vontade, a Prefeitura até disponibiliza o valor se a gente não conseguir o patrocínio. A gente vai disponibilizar”, comentou.
Segundo ele, a Polícia Militar precisaria de cerca de 30 dias para reforçar o policiamento na cidade, com o deslocamento de policiais do interior. Além disso, a Prefeitura também precisaria de prazo semelhante para fazer as licitações da infraestrutura necessária.
Em nota, a gestão municipal afirmou defender “as manifestações culturais e democráticas” e que “está empenhada em encontrar uma data consensual com tempo hábil para planejar o evento e, assim, garantir a segurança e a infraestrutura necessárias para os foliões e toda a população da cidade”.
“A intenção da Prefeitura e dos demais órgãos públicos envolvidos é encontrar uma alternativa comum que garanta, democraticamente, a realização dos desfiles dos blocos, mas com o planejamento necessário e máxima segurança possível para todos”, justificou.
A reunião na sexta-feira foi interrompida antes do término. Houve protesto por parte dos representantes dos blocos, que acusam a secretária de Cultura, Aline Torres, de ter tentado encerrar a reunião durante a fala das lideranças. Segundo o Município, o encerramento ocorreu “por causa da exaltação dos ânimos e até da hostilidade de alguns dirigentes das entidades”.
Parte dos blocos reivindica uma liberação para desfilarem no feriado prolongado de Tiradentes, quando ocorrerão os desfiles das escolas de samba. Um manifesto foi publicado na semana passada com o título “Carnaval de rua livre, com diversidade e democracia! Contra a violência policial e a censura”.
O documento foi assinado pelo Fórum Aberto dos Blocos de Carnaval de São Paulo, que representa mais de 190 agremiações; a Comissão Feminina do Carnaval de Rua de São Paulo, integrada por aproximadamente 60 blocos; a União dos Blocos de Carnaval do Estado de São Paulo (Ubcresp), o Arrastão dos Blocos, a Associação de Bandas Carnavalescas de São Paulo (Abasp) e o Ocupa Carnaval SP.
Líderes e membros dos grupos acompanharam a reunião. Alguns blocos têm dito que pretendem desfilar em abril, mesmo sem autorização, diante da redução dos números da pandemia e da flexibilização sanitária no País. Em paralelo, outras agremiações optaram por realizar eventos privados em áreas públicas ou privadas, adaptando o modelo de desfile de rua.