sábado 23 de novembro de 2024
O prefeito de Itabuna, Augusto Castro (PSD), tem como oposicionistas o deputado estadual Fabricio Pancadinha (Solidariedade), o vice-prefeito Enderson Guinho (União Brasil) e o médico Isaac Nery (Republicanos) - Foto: Arquivo Pessoal e Reprodução I Redes Sociais
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quinta-feira 15 de junho de 2023 às 08:51h

Prefeito de Itabuna tenta feito inédito na cidade e oposição dialoga por nome

NOTÍCIAS, POLÍTICA, SUL DA BAHIA


Os dois cenários mais prováveis para a eleição municipal de Itabuna em 2024 têm o atual prefeito, Augusto Castro (PSD), buscando a reeleição, com o apoio do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Essa reportagem é de Lucas Franco, do jornal A Tarde.

Em um deles, segundo Lucas Franco, existe uma oposição unida em Itabuna, com representantes de diferentes grupos, que vão de aliados de ACM Neto (União Brasil) a representantes do bolsonarismo na cidade do sul do estado. No outro cenário, cada um dos representantes de oposição terá sua candidatura própria, ou no máximo se aliará a um dos grupos oposicionistas, sem formar uma coalizão completa.

Augusto Castro aposta na segunda opção. “Há vários nomes como pré-candidatos. É sempre assim, há uma divisão grande, como foi em 2020, com nove candidatos. Dessa vez não será diferente”, disse o prefeito.

O movimento pretendido pela oposição, ao menos no discurso, parece ir em direção ao fortalecimento de uma chapa com diversos quadros da cidade, entre eles o vice-prefeito, Enderson Guinho (União Brasil), que rompeu com Castro durante o mandato.

“A gente compreende a força da máquina pública e por isso precisamos nos unificar em uma candidatura. Sabemos que nem todos estão dispostos a abrir mão, mas o diálogo tem sido importante nesse momento para que a gente venha a ter melhores condições de disputar”, afirmou Guinho.

O vice-prefeito tem o aval do presidente estadual do seu partido, o deputado federal Paulo Azi.

“O partido está muito bem representado na cidade com o vice-prefeito Guinho, que é o presidente municipal do União Brasil e tem toda a nossa confiança. É, inclusive, um nome que está sendo colocado como pré-candidato a prefeito, mas é claro que ele tem a liberdade de dialogar com as outras forças políticas da cidade”, disse Azi, citando um dos principais nomes que aparecem como possível cabeça de chapa em caso de coalizão de oposição.

“O próprio [Fabricio] Pancadinha, que é deputado estadual, foi um parceiro nosso nas eleições de 2022 e por isso mesmo merece toda a nossa consideração. A direção estadual vai estar acompanhando as movimentações para ajudar na construção de uma chapa que tenha reais condições de vitória no município”, concluiu o deputado federal.

Para Fabricio Pancadinha (Solidariedade), a decisão sobre como formar chapa e quem a encabeçará ainda está em andamento, mas o deputado estadual, assim como Grouinho, é simpático à ideia de juntar forças da oposição para enfrentar Augusto Castro. “A gente precisa ter uma candidatura só. Eu, Guinho, Azevedo e Isaac. Uma chapa única de oposição, pois vamos enfrentar uma máquina”, afirmou o parlamentar, que diz conversar tanto com seu aliado político, ACM Neto (União Brasil), como com o governador Jerônimo Rodrigues (PT).

“Eu tenho um diálogo muito bom com Jerônimo, Rosemberg [líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba)], então não interfere em nada”, disse Pancadinha ao ser perguntado se a adesão de Jerônimo a uma eventual candidatura de Castro poderia distanciá-lo das pautas da base do governo na Alba. “O que for bom para o povo, tenha certeza que vou votar”, conclui.

Um dos nomes que pode compor coalizão com Guinho e Pancadinha, porém, é menos adepto da ideia de dialogar com Jerônimo Rodrigues do que o deputado estadual. Candidato a prefeito na última eleição e representante dos bolsonaristas na cidade, o médico Isaac Nery (Republicanos) diz estar mais inclinado a lançar candidatura própria, com os apoios do presidente estadual do seu partido, Márcio Marinho, e do presidente do PL na Bahia, João Roma, que representa a ala bolsonarista.

Ainda assim, Isaac se disse disposto a juntar forças para derrotar Augusto Castro. “Eu vejo com tranquilidade a pré-candidatura de Guinho, mas sei que o nosso nome é um nome que Guinho pode confiar para caminhar conosco, pois vamos cumprir tudo. Conversei com Pancadinha no início do ano, falei que sou pré-candidato a prefeito, e que se ele desistir [de se lançar candidato, embora Pancadinha não tenha se colocado como pré-candidato], que venha nos apoiar. Falei também com Azevedo”, afirmou Isaac.

Origem das desavenças

As alianças com quadros fora do município no período eleitoral do ano passado deram início às primeiras informações públicas sobre o rompimento do prefeito Augusto Castro com o vice Enderson Guinho. O chefe do Executivo Municipal se disse mais preocupado com a sua gestão do que com o pleito municipal, programado para outubro do ano que vem.

“O resultado da gestão é o resultado das entregas. Cada um coloca seu nome, dentro do campo da direita, do PL, e de outros partidos. A gente encara com muita naturalidade. Até porque a população sabe e reconhece o trabalho da nossa gestão”, disse o prefeito, que não rechaça totalmente a possibilidade de reatar laços com Guinho no futuro. “Em 2022 houve um distanciamento de forma natural. Ele é ligado a ACM Neto, eu sou ligado ao PSD [que apoiou Jerônimo Rodrigues]. Não vou dizer que é impossível [reatar os laços], mas é difícil”, concluiu.

Guinho, por sua vez, criticou Augusto Castro por, segundo ele, isolá-lo politicamente, mesmo antes da disputa eleitoral do ano passado. “Ele só pensa em política o tempo inteiro”, disse o vice-prefeito. “Mesmo ele tendo conhecimento de que eu não estaria acompanhando o PT na eleição estadual [de 2022], até porque em 2018 eu apoiei Zé Ronaldo [candidato do União Brasil a governador naquele ano]. Ele utilizou essa justificativa [de divergência nas eleições gerais] para dizer que a relação não daria certo. Por ele estar com Jerônimo e eu com ACM Neto”, conta Guinho.

Os planos estadual e nacional, na opinião de Pancadinha, devem ser deixados para trás para que os quadros políticos locais se concentrem em Itabuna. “A gente não pode ficar focado em quem é do lado do PT e de Bolsonaro. A gente precisa colocar a cidade para avançar. Para formar unidade pensando no melhor para Itabuna e deixar de fora questões nacionais”, opinou o deputado estadual.

Vieram de Isaac, no entanto, as críticas mais duras à gestão municipal. “Itabuna é uma cidade doente há 35 anos, mas o prefeito atual a colocou na UTI”, afirmou. “Só Wesley Safadão vai levar R$ 700 mil nesta festa. Com esse dinheiro, daria para o Hospital de Base ter material para dialisar pacientes por 30 meses. Não sou contra festejo junino, pois é nossa tradição, mas poderia contratar artistas locais para fazer uma festa linda”, justifica o quadro do Republicanos.

Governabilidade em momento difícil

Os problemas vividos por Itabuna, para o presidente da Câmara Municipal, Erasmo Avila (PSD), tornaram muito difícil a gestão do prefeito, que é seu correligionário. “Nós só tivemos um ano e poucos meses de gestão. Em 2021 foi pandemia, tudo parado. Em 2022 as coisas melhoraram com a covid-19, mas aí tiveram as enchentes”, conta Erasmo.

Para o vereador, a maior preocupação do prefeito tem sido com a gestão, mas a preparação para a corrida eleitoral acontecerá naturalmente. “Acho muito difícil ter alguém melhor [para suceder Augusto Castro no cargo], se ele continuar a fazer as entregas que vem fazendo. A minha perspectiva é que Augusto seja o primeiro prefeito reeleito de Itabuna”, opina.

A reeleição passou a ser instituída no Poder Executivo em todo o Brasil no ano de 1997, tanto em eleições municipais, estaduais, distrital e para a Presidência da República. De lá para cá, ninguém conseguiu vencer o pleito para prefeito por duas vezes consecutivas.

Augusto Castro venceu em 2020 um pleito que contava com Fernando Gomes, que governou a cidade do Sul da Bahia em 21 dos últimos 45 anos. O partido de Castro, o PSD, foi o que mais elegeu prefeitos na Bahia em 2020, 107. Além do domínio nos Executivos Municipais, o PSD é a legenda de três dos dois senadores da Bahia, Otto Alencar e Angelo Coronel.

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