As ameaças de morte sofridas no ano passado pela prefeita da cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano, Eliana Gonzaga (Republicanos), volta a ser pauta na imprensa baiana. Os crimes, que aparentam ter motivação política, resultaram na morte de dois dos seus apoiadores. A gestora chegou a ser protegida por uma escolta policial ofertada pelo Estado – o que foi deixado de lado quando a pressão da mídia sobre o caso cessou. Agora, mais de 200 dias após as primeiras denúncias, ainda não há segundo o Bahia Notícias, respostas sobre os mandantes dos crimes e os autores.
Eleita com 55,94%, o que corresponde a pouco mais de 10.400 votos, Eliana é a primeira mulher negra a ser escolhida para comandar a cidade de Cachoeira desde a emancipação política da cidade em 1837. Diante das ameaças, e de uma campanha considera por ela como “altamente agressiva, mesquinha e perversa”, a política considera constrangedor o fato das investigações não terem sido elucidadas. “É triste a gente saber que ainda não foram concluídos os autos, principalmente por conta das perdas que tivemos. Das pessoas que se foram numa fase da vida ainda muito jovens e de forma prematura”.
Agradecendo a atenção dispensada ao caso pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), Eliana se retrai ao saber a situação atual das investigações. “Fico até um tanto constrangida em saber que nada ainda foi resolvido. Não tem ninguém assim apontado de fato e, sobretudo, punido. Não somente aqueles que puxaram o gatilho, mas também os mandantes. A população, a sociedade como um todo, precisa de respostas”, defende.
Ela conta na entrevista, que abriu mão da segurança disponibilizada pela SSP após as ameaças. “Lá [Em Cachoeira] temos uma única viatura, e era essa viatura, para ficar a disposição somente da minha segurança. Eu não me sentia confortável e não me sentia bem com essa situação. Porque se ficassem à disposição da minha proteção e dos que estavam ao meu redor, como ficaria a cidade, sem uma viatura? Eu mesmo dispensei aqueles serviços”, contou.
“O prazo para elucidação varia conforme a complexidade da investigação, e pelo fato de ninguém estar sofrendo restrição de liberdade no curso da apuração, a Lei não impõe prazo obrigatório de remessa do inquérito para a Justiça. Em relação a proteção de autoridades, é uma ação sigilosa, cujos detalhes não devem ser divulgados”, diz parte do posicionamento da Polícia Civil.