Conforme Eric Luis Carvalho, g1 Bahia, a movimentação no período da pré-campanha na Bahia tem sido marcada pelas caminhadas e eventos, no melhor estilo corpo a corpo, e por movimentações políticas dos pré-candidatos ao governo em busca de apoio de prefeitos. Entre as 30 maiores cidades baianas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dezoito são comandadas por prefeitos que apoiam a pré-candidatura de ACM Neto (União). Gestores de outras doze cidades da relação apoiam Jerônimo Rodrigues (PT), enquanto duas contam com prefeitos que apoiam João Roma (PL).
Outros dois pré-candidatos ao governo da Bahia, Kleber Rosa (Psol) e Giovani Damico (PCB), seguem na disputa sem apoio declarado de prefeitos de municípios com grande concentração de votos. Os apoios, que nem sempre refletem o arco de alianças das coligações, são considerados importantes por especialistas para a disputa que vai definir o novo governador do estado em outubro.
O levantamento feito pelo g1 foi realizado a partir de contato com pré-candidatos e demonstrações públicas de apoio realizadas pelos prefeitos das cidades citadas.
Ainda que os apoios não representem transferência direto de votos, juntos, os 18 municípios cujos prefeitos apoiam ACM Neto (União) possuem mais de 5,7 milhões de habitantes, o representa quase 40% da população baiana.
Entre os maiores municípios baianos, o ex-prefeito de Salvador conta com apoio de prefeitos das cinco principais cidades do estado: Bruno Reis (Salvador), Colbert Martins (Feira de Santana), Sheila Lemos (Vitória da Conquista), Elinaldo Araújo (Camaçari) e Suzana Ramos (Juazeiro).
Em comparação com 2018, apenas a prefeitura de Juazeiro saiu da base governista para a oposição, ainda assim, o atual governador, Rui Costa (PT), venceu em quatro destas cinco, com votação superior a 60% em todas as quatro. Na ocasião, o petista só não venceu em Feira de Santana, cidade natal do então adversário José Ronaldo (União).
Além das cinco maiores cidades, ACM Neto ainda conta com os apoios dos prefeitos de Teixeira de Freitas, Jequié, Barreiras, Simões Filho, Eunápolis, Santo Antônio de Jesus, Luís Eduardo Magalhães, Candeias, Guanambi, Dias D’Ávila, Senhor do Bonfim, Itapetinga e Campo Formoso.
Jerônimo Rodrigues conta com o apoio dos prefeitos de Itabuna, Ilhéus, Lauro de Freitas, Alagoinhas, Paulo Afonso, Valença, Jacobina, Irecê, Casa Nova e Bom Jesus da Lapa. Enquanto a pré-candidatura de João Roma conta com apoio dos prefeitos de Porto Seguro e Serrinha.
O cientista político Cláudio André Souza vê importância de prefeitos e vereadores nas eleições de âmbito estadual e nacional, mas destaca que quanto maior a cidade, mais esse peso pode ser minimizado.
“A disputa politica local quando vem uma eleição estadual, nacional, ela, obviamente passa pelos acordos, compromissos e mobilizações orgânicas que já estão dadas ali no âmbito do poder local. A liderança politica dos prefeitos e também dos vereadores acaba tendo um peso que vai variar conforme o desenvolvimento social, econômico e político do município. Quando a gente fala em um município maior, obviamente que a maior parte não está atrelada a uma relação politica mais centralizada, o que ocorre de maneira diferente em um município com 20, 10 mil habitantes”, diz.
“Então é muito importante que nessa perspectiva a gente veja que a liderança local é algo importante e tem um peso (na eleição estadual)”, conta Cláudio André.
O cientista político também aponta que na Bahia as cidades de pequeno e médio porte tem um papel importante na disputa política justamente pela ação mais próxima de gestores.
“Se a gente for olhar as grandes cidades, vamos ver que elas são importantes, mas não são decisivas. Então, o fato de termos, na Bahia, uma população distribuída e dispersa em dezenas de municípios e regiões acaba dando esse peso à eleição municipal”, disse Caio André Souza.
ACM Neto tem destacado em entrevistas que sua candidatura tem reunido forças importantes pelo estado. “Nunca houve, em toda a história do nosso estado, uma candidatura de oposição com tanta força como a que estamos organizando”, disse, numa das entrevistas.
Alianças contrariam decisões partidárias
Outro ponto de atenção na movimentação eleitoral da Bahia tem sido a disputa pelo apoio de prefeitos que não integram a base de apoio dos partidos do pré-candidato. Mesmo após o rompimento de uma aliança que durou quase 14 anos, entre 2009 e 2022, a candidatura do PT tem mirado prefeitos do antigo aliado PP, que agora apoia a chapa liderada pelo União Brasil.
Em 2020, o PP elegeu 92 prefeitos na Bahia. O partido só ficou atrás do PSD, que elegeu 107. Por isso mesmo, a cada encontro com gestores da sigla, pré-candidato Jerônimo Rodrigues destaca em suas redes, a aliança para além de sua base. Prefeitos do PP das cidades de Caravelas, Vereda, Ibirapuã, Cabaceiras do Paraguaçu, Cícero Dantas, Jeremoabo, Novo Triunfo, Pilão Arcado, Itapebi e Ipiaú, por exemplo, já declararam apoio ao candidato do PT.
Oficialmente, a chapa petista para o governo da Bahia conta com oito partidos: PT, PSD, MBD, PSB, PC do B, PV, Avante e Patriota.
‘Vira-casaca’ lá e cá
O apoio de prefeitos de fora do arco oficial de alianças também é destacado segundo Eric Luis Carvalho, g1 Bahia, pelo candidato do União Brasil. Ao longo da pré-campanha, ACM Neto já destacou contar com apoio de prefeitos de partidos que oficialmente integram a chapa de Jerônimo Rodrigues.
Entre eles está o prefeito da maior cidade do interior da Bahia, Colbert Martins (MBD). Apesar de ser do partido que indicou o pré-candidato a vice na chapa do PT, Colbert e o diretório de Feira de Santana declararam apoio à pré-candidatura de ACM Neto.
Prefeitos de Simões de Filho (MDB), Ponto Novo (PSD), Utinga (PSB) também não integram a base de aliança de ACM Neto, mas já declararam apoio ao postulante do União Brasil ao governo do estado. Oficialmente, a pré-candidatura de ACM Neto conta com apoio de União Brasil, PP, PDT, Solidariedade, PSDB, Cidadania, Republicanos, Podemos, PSC, PTB e do PRTB.
Roma destaca relação republicana
Pré-candidato pelo Partido Liberal, o deputado federal e ex-ministro da Cidadania João Roma minimiza os apoios públicos de gestores.
Ao g1, Roma disse que “a contabilização de apoios de prefeitos não faz parte de sua estratégia de campanha”. E critica os adversários. “Pelo divulgado, a Bahia já tem mais prefeitos do que municípios. Um fala que tem 300, outro 200. E o estado só tem 417 municípios”, disse.
Ele ainda afirmou que “nem por isso deixa de estabelecer uma relação republicana, como deve ser, com todos os prefeitos dos 417 municípios da Bahia”, enquanto ministro e deputado. Oficialmente, Roma com apoio dos prefeitos de Porto Seguro, Jânio Natal (PL) e de Serrinha, Adriano Lima (PP), além de gestores de cidades menores como Curaçá, do prefeito Pedro Oliveira (PSC).
As candidaturas de Kleber Rosa, do Psol e de Giovani Damico, do PCB, não contam com apoios oficiais de prefeitos entre as principais cidades baianas.
O primeiro turno da eleição para o governo da Bahia, marcado para 2 de outubro de 2022, deve ter cinco candidatos ao governo do estado. A partir de sexta-feira (15), os partidos terão até o dia 5 de agosto para definir seus representantes na disputa, o que ocorre nas convenções partidárias.
Confira as cidades, entre as 30 principais do estado, e para quem os prefeitos definiram apoio entre os pré-candidatos ao governo do estado
ACM Neto (União)
Salvador
Feira de Santana
Vitória da Conquista
Camaçari
Juazeiro
Teixeira de Freitas
Jequié
Barreiras
Simões Filho
Eunápolis
Santo Antônio de Jesus
Luís Eduardo Magalhães
Candeias
Guanambi
Dias D’Ávila
Senhor do Bonfim
Itapetinga
Campo Formoso
Jerônimo Rodrigues (PT)
Itabuna
Ilhéus
Lauro de Freitas
Alagoinhas
Paulo Afonso
Valença
Jacobina
Irecê
Casa Nova
Bom Jesus da Lapa
João Roma (PL)
Porto Seguro
Serrinha