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Fiéis durante culto para celebrar o aniversário do pastor Silas Malafaia na igreja evangélica Assembleia de Deus, no Rio de Janeiro - Mauro Pimentel - 15.set.22/AFP
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segunda-feira 27 de maio de 2024 às 06:53h

Pré-candidatos a prefeito apostam em ‘Marchas para Jesus’ nas capitais para atrair eleitorado evangélico

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A pouco mais de dois meses e meio do início da campanha eleitoral, que começa em 16 de agosto, pré-candidatos marcam presença em eventos religiosos para se aproximar do eleitorado evangélico. As principais apostas são as Marchas Para Jesus, mais importante evento cristão, que passará por sete capitais até setembro.

A mais recente ocorreu ontem no Rio. No trio principal, o governador Cláudio Castro (PL) e o pré-candidato do PL à Prefeitura do Rio, Alexandre Ramagem, marcharam na companhia do pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo e um dos organizadores do evento. Com presença confirmada, o prefeito Eduardo Paes, que tentará a reeleição, não compareceu.

Nome de Jair Bolsonaro (PL) na corrida, Ramagem acompanhou a marcha do trio, mas não discursou. O deputado federal passou boa parte do tempo ao lado de Castro e do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL), um dos principais fiadores de sua campanha.

Apesar de não se identificar com a ala mais conservadora, Paes costuma comparecer à Marcha para Jesus na condição de prefeito, mas não informou o motivo da ausência este ano. Após o evento, ele compartilhou em uma rede social que a prefeitura do Rio “tem a honra de patrocinar” a Marcha para Jesus durante seus mandatos e que fica feliz em ver o “Rio de fé lotando o sambódromo”.

A maior marcha do país ocorrerá em São Paulo na próxima quinta-feira, sob a organização do apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Apostólica Renascer em Cristo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) foram convidados, mas não há confirmações.

Nos bastidores, a expectativa é de que Tarcísio e Nunes estejam presentes e o petista, não. No ano passado, Lula enviou como representantes a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) e o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, que foi vaiado ao citar o presidente. Neste ano, os dois, que são evangélicos, devem voltar ao trio na Avenida Paulista.

Em 2009, o presidente foi o autor da lei que criou o Dia Nacional da Marcha para Jesus, mas nunca esteve no evento que se consolidou como uma expressão das vertentes neopentecostais. O primeiro mandatário a comparecer foi Jair Bolsonaro, em 2019 e 2022. Nos dois anos de hiato, a pandemia impediu a realização do evento.

Fora do Palácio do Planalto, em 2023, Bolsonaro se ausentou. Neste ano, todavia, aliados contam com sua presença, que ainda é incerta. O segmento é majoritariamente alinhado ao ex-presidente e Lula tem feito acenos, na tentativa de aproximação.

Pré-candidato à reeleição, Nunes deve encontrar outros políticos que serão seus adversários nas urnas: os deputados federais Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) também indicam presença.

Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Boulos tem bom trânsito com pastores de pequenas igrejas na periferia de São Paulo. No caso da pessebista, Tabata é católica e tem ao seu lado o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que dialogava com o segmento quando era governador do estado.

Em Curitiba, na semana passada, quatro pré-candidatos marcaram presença. São eles o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), o deputado estadual Ney Leprevost (União), o ex-governador Beto Richa (PSDB) e o ex-deputado federal Paulo Martins (PL).

Ao contrário do ano passado, o prefeito Rafael Greca (MDB) enviou seu vice e pré-candidato à sua sucessão para representá-lo. Pimentel, inclusive, discursou:

— Essa caminhada em favor da família, em favor da inocência das crianças e contra as drogas nos enche de orgulho e de esperança de dias melhores no mundo todo.

Depois de Curitiba, Rio e São Paulo, estão previstos eventos em Natal, Florianópolis, Recife e Salvador.

Domingo na igreja

Nem só das marchas vivem os pré-candidatos. A rotina de idas a cultos e missas também já começou. No último domingo, o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), que pretende disputar a reeleição, esteve na Convenção Estadual da Igreja Catedral da Benção, onde declarou ser o “escolhido de Deus” para governar.

— Não sou diferente de vocês, sou exatamente igual a vocês, alguém que veio de baixo, alguém que não é filho de família rica, alguém que foi escolhido por Deus para tomar conta de vocês e de nossa cidade — afirmou.

Em Recife, o prefeito João Campos (PSB) tem se reunido com pastores da Igreja Brasil para Cristo, que dão sustentação para sua tentativa de angariar o segundo mandato. Em Niterói (RJ), Talíria Petrone (PSOL) tem feito reuniões com mulheres evangélicas.

Para o cientista político Vinicius do Valle, do Observatório dos Evangélicos, há dois grupos de políticos que comparecem a esses eventos: os que desejam melhorar a imagem junto à comunidade e os que realmente querem disputar votos:

— Os políticos fazem uma espécie de “via sacra” religiosa para conseguir apoio de lideranças ou fiéis para não terem sua imagem atacada.

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