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sexta-feira 22 de março de 2019 às 09:02h

Pré-candidato a Prefeito fala sobre Salvador

DESTAQUE, ENTREVISTAS


Em entrevista, Jorge Solla avalia a gestão do Prefeito ACM Neto

Jorge Santos Pereira Solla, casado com Marília Fontoura e pai de dois filhos além de um amoroso avô. Está em seu segundo mandato como Deputado Federal, pelo Partido dos Trabalhadores do qual é um dos fundadores da sigla no Estado, é médico formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), sanitarista e escritor. Árduo defensor do SUS, foi Secretário de Saúde de Vitória da Conquista, Secretário de Saúde da Bahia e Secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde.

Em seu primeiro mandato, Solla participou da CPI de órteses e próteses e foi membro permanente da Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF).

Sendo o petista baiano mais votado na Câmara, foi também o segundo deputado federal mais votado do seu partido na capital baiana com 25,7 mil votos. Na última semana Jorge Solla anunciou que é pré-candidato a prefeito de Salvador nas próximas eleições municipais (LEIA AQUI) e com exclusividade, concedeu entrevista.

Nesta quinta-feira (21), o Acesse Política bateu um papo com Jorge Solla, na entrevista, o parlamentar fala sobre o transporte público da capital, as razões que o levaram a anunciar sua pré-candidatura além, de claro, a saúde pública no município.

Acesse Política: Que razões levaram o Sr. a colocar seu nome à disposição para disputar a Prefeitura de Salvador em 2020?

Jorge Solla: Nesse primeiro momento, nosso grupo político tomou essa decisão partindo do entendimento de que, com este lugar de fala, podemos colaborar com o debate sobre 2020 de forma mais intensa. Temos o entendimento de que o PT precisa afirmar, ainda este ano, que irá para a eleição da prefeitura de Salvador com uma candidatura própria. Pela nova lei eleitoral, não haverá coligação nas chapas proporcionais e não há nenhum argumento posto à mesa hoje que justifique uma candidatura única na base ainda no primeiro turno. Eu defendo que, confirmada a candidatura própria, debatamos um projeto de base popular, elaborado ouvindo os diversos setores da sociedade, para só então afunilarmos o debate para os nomes que irão liderar esse processo, em 2020.

Acesse Política: O Sr. é médico, sanitarista e é ex-secretário de saúde do estado, como o Sr. Avalia a saúde pública atualmente em Salvador?

Jorge Solla: O prefeito recebeu a cidade em 2013 com uma cobertura do programa Saúde da Família em cerca de 18% e hoje, sete anos depois, está em 27%. A cobertura da saúde básica era 30% e subiu para 38%. Continuamos sendo a capital com a pior cobertura de atenção básica do país, vergonha nacional. Esse crescimento foi muito discreto, resultado de uma falta de prioridade orçamentária para a saúde que acompanha toda a gestão de ACM Neto. Quem estuda um pouco de saúde pública sabe, isso é pacificado internacionalmente, só é viável sistemas públicos de saúde que investem no acompanhamento, prevenção e tratamento de doenças crônicas. Quem faz tudo isso é a saúde básica, que é função primária da prefeitura. Como se omite, a bronca vem parar na porta das emergências dos hospitais estaduais, pacientes que já chegam graves, com AVC, problemas cardíacos, diabetes e uma série de problemas completamente evitáveis.

Acesse Política: O Sr. não é o único pré-candidato do PT, há mais três nomes, como conseguirá ser o candidato de consenso do partido?

Jorge Solla: Como já disse, não é producente esse debate neste momento. Estamos na etapa de o PT definir candidatura própria e nosso partido formular um projeto maduro para apresentar à população. Todos estaremos juntos, unidos, nestes dois objetivos.

Acesse Política: Quanto ao nome do Secretário de Saúde do Estado, Fábio Villas Boas, porque houve o veto?

Jorge Solla: Não há nenhum veto. Inclusive o partido mantém as portas abertas para o secretário vir participar deste debate, se filiar, apresentar o que pensa, se esse for seu interesse.

Acesse Política: Qual a opinião do Sr. Em relação à atual gestão do Prefeito ACM Neto?

Jorge Solla: O prefeito teve o mérito de ter sucedido uma gestão municipal que talvez tenha sido a mais mal avaliada da história de nossa capital, a cidade vivia uma crise grave, nada funcionava. O prefeito teve sorte que administrou a cidade no período de maior investimento do governo do Estado na capital, também não lembro de outro período em que o Estado fez tantas obras em Salvador, desde Hospital do Subúrbio, Hospital da Mulher, Novo Couto Maia, HGE 2, postos de saúde, UPAS, policlínicas, isso para não falar do Metrô, agora o VLT e todas as novas vias estruturantes que estão cortando a cidade. Neste cenário, foi uma gestão de muita publicidade, algumas coisas são boas, outras ruins, mas não houve mudança na filosofia de pensar a cidade. O PDDU é praticamente o mesmo, não houve reforma urbana, a habitação popular não foi pensada de forma estruturante, a saúde básica praticamente não avançou, não gerou empregos, não dinamizou a economia, é uma gestão de elite e concreto, com pouco olhar para a qualidade de vida das pessoas.

Acesse Política: Na sua avaliação, qual é o principal problema do município hoje?

Jorge Solla: A atual gestão assumiu em 2013 e fez muita publicidade com a licitação que fez do transporte público, mas já sabíamos àquela altura que não daria certo. Transporte público é subsidiado em todo o planeta, aqui o prefeito fez cessão onerosa, tirou dinheiro do sistema. E não criou mecanismos claros que cobrança e fiscalização do que foi contratado. Os ônibus vendidos como novos eram os antigos pintados, a nossa frota é a mais vergonhosa entre as capitais do país, velha, muito suja, não dá dignidade a quem usa, mas está prestes a ter a tarifa mais cara do Nordeste. A promessa do ar condicionado ficou no papel. O usuário do sistema de ônibus em Salvador vive o paraíso do metrô e o inferno dos ônibus, é uma diferença de qualidade que precisa ser atacada duramente.

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