A pré-candidatura de Sérgio Moro à Presidência da República custou ao Podemos, partido ao qual o ex-juiz era filiado, cerca de R$ 2 milhões. A cifra consta da informação que o partido apresentou ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TER-PR) e se refere ao período em que Moro estava filiado à legenda, entre 11 de novembro de 2021 a 30 de março de 2022, informa Malu Gaspar, em seu blog no Globo.
Tramitam no TRE-PR os processos que podem levar à cassação do mandato do hoje senador pelo União Brasil. Moro é alvo de ações movidas pelo PT, do presidente Lula, e pelo PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, e estão tramitando conjuntamente.
“Em que pese o abandono da candidatura por culpa, exclusivamente, do então pré-candidato, houve desde o evento de filiação partidária, a contratação de diversos outros serviços, então exigidos por Sergio Moro, como seguranças particulares, passagens aéreas, carro blindado, e a celebração de contratos de prestação de serviços advocatícios e outros referentes às eleições de 2022 ou a pré-candidatura”, afirmou o diretório nacional do Podemos ao TRE.
O partido atendeu a uma decisão do desembargador Dartagnan Serpa Sá, relator das ações, que solicitou esclarecimentos sobre os gastos com a pré-campanha de Moro. O Podemos anexou uma série de notas fiscais e documentos que somam um total de R$ 1.958.695,86 de despesas com o ex-juiz da Lava-Jato.
O partido, comandado pela deputada federal Renata Abreu, ainda afirmou à Justiça Eleitoral que “tem sido demandado judicialmente para arcar com o pagamento de outros contratos e suposta multa compensatória, em que pese a inexistência da prestação dos referidos serviços em benefício, em decorrência do abandono” da pré-candidatura de Moro e sua desfiliação da legenda.
O PT pretende usar as informações apresentadas pelo Podemos para reforçar as acusações de que Sergio Moro praticou caixa 2 e abuso de poder econômico em sua ofensiva política para se tornar senador.
“Como se vê, bola de neve financeira que se tornou a campanha de Moro só cresce. Apenas pelo informado pelo Podemos, já existem cerca de R$ 2 milhões contratados em favor da pré-candidatura de Moro, sem contar as despesas que já estão sendo objeto de execução perante a justiça de São Paulo” , disse à coluna o advogado Luiz Eduardo Peccinin.
“Tudo isso deverá ser considerado pela Justiça Eleitoral na verificação do abuso de poder econômico. Nenhum outro candidato chegou perto de gastar isso. A nosso ver, é flagrante o desrespeito à lei e à igualdade de oportunidades pela campanha do ex-juiz.”
O objetivo do PT é levar à cassação do mandato de Moro e à convocação de novas eleições. O partido está tão confiante de que conseguirá a cassação do ex-juiz da Lava Jato que já vive uma disputa interna sobre quem será o candidato a preencher a vaga – se Gleisi Hoffmann, Zeca Dirceu ou Roberto Requião.