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Após encontro com trabalhadores da Petrobras e sindicalistas, Jean Paul Prates disse que a empresa vai fazer novos investimentos em diversos estados e 'em novas matrizes e operações' - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
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quinta-feira 30 de março de 2023 às 14:21h

Prates escolhe sindicalista para divisão da Petrobras com orçamento de R$ 450 milhões

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Depois de recrutar para sua assessoria três membros da FUP, a Federação Única dos Petroleiros, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, decidiu agora chamar mais sindicalistas para compor a equipe. As informações são de Malu Gaspar e Johanns Eller, do jornal O GLOBO.

Trata-se de José Maria Rangel, dirigente sindical conhecido como Zé Maria, que se candidatou a deputado federal pelo PT do Rio de Janeiro em outubro passado e não se elegeu.

Prates vai nomeá-lo para a gerência-executiva de responsabilidade social da companhia, área cobiçada desde o governo Bolsonaro por ter um orçamento de R$ 450 milhões para aplicar em programas sociais pela empresa.

A indicação ainda deverá passar pelo Comitê de Pessoas da estatal e pelo Conselho de Administração, mas na empresa sua indicação é dada como certa.

Rangel, conhecido como Zé Maria, recebeu 25.589 votos na última eleição. Antes, concorreu a vereador em Campos dos Goytacazes (RJ) em 2020 e novamente a deputado federal em 2018, e também não se elegeu.

Apesar do orçamento inferior às outras áreas da Petrobras, o cargo é muito cobiçado justamente pela maior flexibilidade de gastos e por atuar em programas em diversos estados.

Segundo o balanço de 2022 da estatal, foram gastos no ano passado R$ 904 milhões na área social, incluindo desde patrocínios até a mitigação de impactos socioeconômicos pela empresa. Deste valor, a Petrobras destinou R$ 263 milhões à doação de alimentos e energia, por exemplo, e outros R$ 121 milhões em programas socioambientais voluntários.

Ao contrário das áreas ligadas ao petróleo, não há tantas despesas carimbadas – o que aumenta o capital político da cadeira. Além disso, entra na conta o próprio apelo social, bandeira cara ao PT e ao sindicalismo.

No ano passado, por exemplo, a área de responsabilidade social patrocinou a distribuição de gás de cozinha para comunidades e até mesmo cestas básicas. Há também a previsão de investimentos em ONGs e grupos de voluntariado.

A escolha de Rangel também representa mais um afago de Prates ao sindicalismo e à FUP. Como publicamos na última semana, o dirigente da Petrobras nomeou três assessores ligados à federação. Também indicou Sérgio Bacci, vice-presidente do Sinaval, sindicato patronal da indústria naval.

A escolha também reflete um esforço de Prates de moldar sua própria equipe na estatal. Além da diretoria atual ainda ser remanescente do governo Bolsonaro, o CEO também trava quedas de braço com outros setores do governo pela composição final da diretoria da Petrobras – em especial com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

No topo do organograma da gerência-executiva de Rangel está a futura diretora de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade, Clarice Copetti, cuja nomeação também está pendente. Ela foi vice-presidente da Caixa Econômica Federal nos governos Lula e Dilma Rousseff e se engajou na militância petista nos últimos anos.

A Petrobras inclui entre as diretrizes de sua política de responsabilidade social o investimento em programas e projetos socioambientais tanto nas áreas de abrangência de suas instalações como na sociedade como um todo, “colaborando para a conservação do ambiente e melhoria das condições de vida”.

Em outras palavras, a divisão tem carta branca para tocar projetos de cunho social em todo o território nacional. A gerência-executiva esteve, inclusive, na mira de Jair Bolsonaro por mais de uma ocasião durante o seu governo.

Como publicamos no blog no ano passado, o ex-presidente pressionou por substituições na diretoria de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade, à qual o cargo está subordinado, durante as gestões de Joaquim Silva e Luna e José Mauro Coelho na Petrobras.

Bolsonaro chegou até mesmo a colocar “espiões” – ex-militares ligados a ele nomeados como assessores da presidência – para aumentar a fritura dos diretores, sem sucesso. A atual gerente-executiva, Rafaela Guedes, está no cargo desde janeiro do ano passado.

A área a ser comandada por José Maria Rangel tende a ser empoderada sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ao longo da campanha eleitoral, o atual presidente prometeu rever o papel social da companhia como um contraponto à política de preços adotada por Bolsonaro e à distribuição recorde de dividendos aos acionistas.

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