A disputa pela presidência da Câmara dos Deputados emperrou as negociações para a formação de uma federação entre PP e União Brasil. Segundo Bruno Góes, do jornal O Globo, sem um candidato em comum, ambas as siglas estão em compasso de espera, inclusive diante da expectativa de um posicionamento do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De um lado, o presidente do União, Luciano Bivar (PE), planeja disputar o cargo e já fez acenos ao PT. De outro, o atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), busca a recondução à cadeira, mas também se dispôs a dialogar com Lula, e acabou sendo elogiado pelo presidente eleito nos bastidores, por ser o primeiro a reconhecer a vitória do petista no dia 30.
A escolha da nova Mesa da Casa ocorrerá em fevereiro. Em viagem aos Estados Unidos, Bivar disse que terá uma rodada de reuniões para debater o assunto.
Deputados Federais mais votados
— Esse é o imbróglio que está acontecendo (a disputa pela presidência da Câmara). Se o União tiver um candidatura própria, aí a federação não será possível — disse ao jornal.
Antes de considerar a federação, ambas as siglas chegaram a debater a possibilidade de fusão.
A união enfraqueceria a formação da base de Lula e impulsionar as chances de Lira pela reeleição.
Bivar acrescentou que as conversas com o PP, porém, não foram encerradas.
O presidente do União ressaltou ainda que terá uma reunião com o MDB, outro partido que pode lançar um nome apoiado por Lula à presidência da Casa.
— Continua em construção. Devo encontrar o (ministro) Ciro (Nogueira) na Europa e vamos conversar. Devo estar voltando na terça-feira ou quarta e também tenho uma reunião com o MDB — afirmou.
Na Câmara, a avaliação de líderes ouvidos pelo GLOBO é que Lira chegará fortalecido para disputar a reeleição. Independentemente da eventual composição com o governo, só os três principais partidos do Centrão — PP, PL e Republicanos — terão 187 dos 513 deputados na próxima legislatura.
Até lá, Lula trabalhará para ampliar sua base no Congresso e conquistar inclusive os partidos do Centrão, grupo político do qual Lira faz parte e que atualmente está fechado com Bolsonaro. A seu favor, está o tempo e a máquina à disposição para atrair novos aliados.
Nomes do MBD
A possível aproximação do PT com Lira enfrenta resistências de parte da esquerda. Por isso, líderes de partidos com quem Lula já negocia, principalmente do MDB, avaliam alternativas.
Rosena Sarney (MDB-MA), Isnaldo Bulhões (MDB-AL), Eunício Oliveira (MDB-CE) e Baleia Rossi (MDB-SP) são alguns dos cotados. Um desses deputados poderia ter apoio de Lula. O cargo é importante para o MDB, já que o PSD deve ter o apoio do PT a Rodrigo Pacheco no Senado.