O PP e a União Brasil decidiram segundo Cézar Feitoza e Victoria Azevedo, da Folha, encerrar as tratativas para a formação de uma federação partidária diante das dificuldades das lideranças dos dois partidos para destravarem resistências nos estados.
O acordo estava emperrado desde a semana passada, com disputas sobre o comando de ao menos sete diretórios regionais.
O fim das tratativas foi comunicado pelo presidente do PP, Ciro Nogueira, pelas redes sociais. “No que diz respeito ao Progressistas, encerramos as discussões para formação de federação junto com o partido União Brasil”, escreveu.
À Folha o presidente da União Brasil, Luciano Bivar, também confirmou o término das negociações. Ele diz que “disputas regionais” travaram a federação.
O principal objetivo de PP e União Brasil em formar uma federação era ter a maior bancada na Câmara, com 108 deputados. Isso daria o direito de os partidos escolherem a presidência das principais comissões da Casa e os ajudaria a ficar com a relatoria do Orçamento de 2023 —principal objetivo da União Brasil no curto prazo.
As principais dificuldades estavam nos estados do Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Paraíba, Paraná e São Paulo.
O critério que havia sido definido para resolver as travas regionais envolvia entregar o diretório estadual para o grupo político mais influente localmente.
Nos estados em que o governador fosse filiado a um dos dois partidos, o grupo aliado ao chefe do Executivo deveria ter precedência na definição do presidente do diretório.
Nas regiões em que a federação não tivesse governador, a precedência seria definida pela quantidade de senadores. Se houvesse empate, o último critério seria a quantidade de deputados eleitos no estado.
O critério não agradou políticos influentes no Congresso que poderiam perder espaço regionalmente com a federação.
Na Paraíba, por exemplo, a União Brasil ficaria com o comando do diretório, já que Efraim Filho foi eleito senador no estado em 2022. Mas o grupo do deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) não aceitava perder a influência local e a possibilidade de lançar candidaturas para as eleições municipais de 2024.
Em Pernambuco, Luciano Bivar, disputava o diretório regional com os grupos de Mendonça Filho (União Brasil) e Dudu da Fonte (PP).
No Paraná, a federação sofria resistência do senador Sergio Moro (União Brasil) e do deputado Pedro Lupion (PP), que coordena a bancada ruralista no Congresso. Havia ainda resistência na União com o nome de Ricardo Barros (PP), principal cotado para comandar o diretório.
Moro havia dito a aliados que, por ora, ficaria na União Brasil pois a legenda permite que parlamentares sejam de oposição ao governo, apesar de o partido ter indicado titulares de três ministérios da gestão Lula. Mas a federação poderia mudar esse antigo acordo feito com o ex-juiz da Lava Jato.