Ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro (PL), o senador Ciro Nogueira (PP) aconselhou dois colegas dos tempos em que era governista sobre o cenário eleitoral deste ano. Um deles era o próprio ex-chefe do Planalto e o outro o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Os dois não ouviram as dicas do cacique e, por isso, na avaliação do parlamentar, tiveram um desempenho pior do que poderiam nas eleições municipais.
Nogueira diz que pediu a Bolsonaro um critério para alianças nas eleições: apoiar os candidatos que votaram nele em 2022. “No início ele concordou, mas não seguiu”, revelou o presidente do PP. A Tarcísio, o senador recomendou que não entrasse nas disputas em que a coligação que sustenta o governo paulista estivesse dividida e se empenhasse apenas no combate a candidatos esquerdistas. “Eu acho que o Tarcísio errou”, afirmou o senador. “Se ele tivesse feito isso, ele teria eleito 95% dos prefeitos de São Paulo”, projetou o presidente do PP em uma “conta de padaria”.
Em suas projeções eleitorais, Ciro diz que foi surpreendido apenas pelos desempenhos do PT e do próprio partido que comanda. “Nós só erramos em dois partidos antes [das eleições]. O Progressistas, que a gente botou a menos (estimativa de eleitos). E o PT, a gente pensava que seria (vencedor em) 350 (prefeituras)”, disse. O PP elegeu 743 prefeitos, e o Partido dos Trabalhadores ganhou em 248 municípios, o que o senador considera “um vexame”.
Além de comemorar o terceiro lugar no ranking de legendas que mais elegeram prefeitos, Ciro Nogueira também festejou a eleição de 6.950 vereadores, atrás apenas do MDB, que conquistou 8.109 cadeiras nas Câmaras Municipais.
Para o cacique do PP, os eleitores não quiseram apostar em novas caras e privilegiaram gestores experientes. Mandatários ou ex-prefeitos, os grandes vencedores têm histórico na gestão pública, analisou. “A grande maioria dos prefeitos eleitos têm esse perfil”.