A possibilidade do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se lançar a presidente da República em 2026 vem fazendo com que quatro nomes sejam apontados como hipóteses para candidaturas da direita ao Palácio Bandeirantes: o secretário de Segurança, Guilherme Derrite; o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab; o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB); e o presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado (PL). Corre por fora a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende.
Embora Tarcísio e Kassab mantenham o discurso público de que o governador buscará a reeleição, ambos passaram a considerar o cenário de voo presidencial após a queda da popularidade de Lula desde o início do ano. Como o ex-presidente Jair Bolsonaro segue repetindo que conseguirá reverter a inelegibilidade no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as falas do governador e do presidente do PSD continuam sendo de que não tentarão o Planalto no ano que vem. Mas os cenários para os planos A e B já começam a ser desenhados pela dupla.
Kassab não esconde o desejo de ser governador de São Paulo um dia. Caso Tarcísio tente se reeleger no ano que vem, espera ocupar a posição de vice, hoje nas mãos do correligionário Felicio Ramuth. Neste arranjo imaginado, Kassab assumiria como governador em abril de 2029 enquanto Tarcísio renunciaria para buscar o Planalto. Seria uma forma do presidente do PSD concorrer em 2030 já estando na cadeira de governador, o que aumentaria a sua competitividade em um processo eleitoral.
Movimentação de Kassab
Uma informação que vem surpreendendo interlocutores nas últimas semanas é a de que Kassab tem dito que aceitaria ser candidato a governador já no ano que vem, caso Tarcísio realmente queira renunciar e disputar a Presidência contra Lula ou qualquer outro representante da esquerda. Afeito às costuras políticas nos bastidores, Kassab teria dois desafios pela frente: convencer Bolsonaro a apoiá-lo e converter em votos a máquina de prefeitos do PSD que montou no interior ao tirá-los do PSDB nos últimos anos.
No mês passado, Kassab conversou com o ex-presidente por intermédio de Tarcísio para pacificar a relação conflituosa. Na campanha municipal de 2024, bolsonaristas chegaram a ir para as redes pregar votos contra os candidatos do PSD. O grupo ligado ao ex-presidente se incomoda com o poder que Kassab ganhou em São Paulo ao mesmo tempo que seu partido comanda três ministérios no governo federal. Como Bolsonaro está focado em fazer avançar na Câmara o projeto da anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro, entendeu que também precisa de uma aproximação maior com o presidente do PSD e a sua bancada.
Atualmente, contudo, Tarcísio de Freitas vê com bons olhos para sucedê-lo o nome do deputado estadual André do Prado, que hoje deverá ser reconduzido ao comando da Assembleia Legislativa. O parlamentar está em seu quarto mandado, também já tendo sido vereador, vice-prefeito e prefeito da cidade de Guararema. Além de ter domínio das questões envolvendo o interior do estado, o parlamentar tem boa relação tanto com Bolsonaro como com a ala do partido ligada a Valdemar Costa Neto.
A relação com Bolsonaro é uma pedra no sapato para a ambição de Nunes, que tem feito gestos a uma agenda mais estadual no seu segundo mandato. O prefeito vem anunciando várias iniciativas na área da segurança pública, tema em que o governador é mais mal avaliado segundo as últimas pesquisas da Quaest. A questão é que desde a campanha municipal e o apoio claudicante de Bolsonaro a Nunes em meio ao crescimento de Pablo Marçal, há um distanciamento entre o prefeito e o ex-presidente. Tarcísio de Freitas também considera que Nunes poderia ter dificuldade de penetração no interior do estado.
Os dois secretários estaduais cotados veem as chances reduzidas por motivos opostos. Derrite entrará na política, mas muito provavelmente na corrida ao Senado. É este o plano do governador e de Bolsonaro até este momento. Já Natália Resende tem dito aos mais próximos que não gosta de política e prefere manter-se como técnica.
Diante de tantas incertezas, a pesquisa Quaest divulgada no fim de fevereiro mostra que Tarcísio é favorito para a reeleição ou será um importante eleitor em São Paulo em 2026. Ao todo, 61% dos paulistas aprovam a sua gestão, e apenas 28% desaprovam (11% não responderam).