Os eleitores portugueses saudaram cautelosamente o retorno da estabilidade política nesta segunda-feira, depois que uma longa noite eleitoral deu uma maioria absoluta surpreendente ao Partido Socialista (PS), do primeiro-ministro António Costa, mas a ascensão de um partido de extrema direita gerou preocupações.
Desafiando todas as probabilidades, Costa ganhou um forte mandato na votação antecipada, que foi convocada depois que o Parlamento rejeitou o projeto de orçamento de seu governo minoritário. O PS conquistou pelo menos 117 assentos, uma maioria absoluta, deixando o principal partido da oposição, o Partido Social Democrata (PSD), de centro-direita, com apenas 71.
“Ninguém esperava, nem o próprio PS, mas acho que é bom para o país –precisamos de estabilidade”, disse António Carlos, de 69 anos, enquanto caminhava por um dos bairros de Lisboa.
João Fidalgo, 39, foi mais cauteloso, dizendo temer que a maioria possa levar os socialistas a se desviarem para a direita.
“Espero que o PS continue buscando as políticas de centro-esquerda e não seja enganado pelas grandes empresas e interesses econômicos”, disse.
Os investidores saudaram a vitória de Costa, embora o índice de ações PSI20 de Portugal tenha subido apenas 0,5%.
“O governo de Costa desenvolveu uma reputação de disciplina fiscal e agora, com um mandato forte… os investidores vão se sentir tranquilos, em uma dinâmica que provavelmente oferecerá suporte aos ativos portugueses”, disse Ricardo Evangelista, diretor da ActivTrades Europe, baseado em Luxemburgo.
O Chega, de extrema-direita, emergiu como a terceira maior força parlamentar, dando um grande salto de apenas um assento na legislatura anterior para 12. Muitos portugueses ficaram chocados.
“É um partido de extremos, de fascismo… estou surpresa que Portugal ainda queira que isto esteja representado no país”, disse Mariana Murça, de 22 anos, acrescentando que Costa mereceu vencer depois da sua gestão durante a pandemia de Covid-19.