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terça-feira 7 de janeiro de 2025 às 16:00h

Por sobrevivência ou de olho em 2026, partidos negociam fusões e reorganização de federações; veja o que pode mudar

ELEIÇÕES 2026, NOTÍCIAS, POLÍTICA


Três anos após as primeiras federações serem formadas, os partidos articulam uma reorganização nesse modelo de alianças já preparando o terreno para a eleição de 2026. Na movimentação com maior potencial de mexer no xadrez político, PP, Republicanos e União Brasil se organizam para fazer uma federação e aumentar o poder de barganha no Congresso e nas negociações para o pleito. Caso se consolide, o grupo será o maior da Câmara e do Senado, com 153 deputados e 17 senadores.

Em outra direção, federações que existem hoje não devem manter a mesma configuração. O PV avalia deixar o bloco que integra com PT e PCdoB, assim como o Cidadania deve desfazer o acordo com o PSDB, e a Rede com o PSOL.

Já o PSDB, com um tamanho distante da época em que ocupou a Presidência e, depois, foi o principal partido de oposição ao PT, estuda até mesmo ser incorporado ao PSD, de Gilberto Kassab, que herdou boa parte das prefeituras tucanas em São Paulo e foi a sigla que mais conseguiu comandos municipais nas eleições de 2024. O PSDB também avalia se forma uma nova federação com partidos como Solidariedade e Podemos.

Conversas em curso

Kassab e o presidente do PSDB, Marconi Perillo, confirmam as conversas, mas dizem que há outras alternativas em análise.

— Nós estamos sendo procurados por vários partidos: PSD, MDB, União Brasil, Republicanos, Podemos, Solidariedade… E são várias as propostas, de ampliação da federação, fusão, incorporação ou de o PSDB continuar solo. A partir de fevereiro vamos começar a conversar esse assunto internamente com os governadores, bancadas e a executiva para que em março a gente possa ter uma sinalização em relação ao que fazer — disse Perillo.

Kassab afirmou que seu partido analisa as alianças, primeiro com foco local:

— Qualquer modelo de aliança, federação, fusão ou incorporação com um partido que tem quadros tão qualificados fortalece ambos os partidos. O PSD, em breve, começa a analisar, sob a coordenação das direções estaduais, os projetos locais de candidaturas próprias e eventuais alianças. Finalizada esta etapa poderemos analisar as alternativas nacionais, no campo partidário e, também, eleitoral.

Também há negociações para uma federação entre PSDB, Podemos e Solidariedade, que teria 29 deputados, número pequeno, mas também suficiente para superar a cláusula de desempenho.

O presidente do PSDB reconheceu as dificuldades com o Cidadania e citou as divergências nas eleições municipais com o partido. Uma delas ocorreu no Rio, onde a federação formalmente, por decisão do PSDB, apoiou o candidato Marcelo Queiroz (PP), mas o Cidadania embarcou informalmente na aliança do prefeito Eduardo Paes (PSD).

O presidente do diretório estadual do PSDB de São Paulo, Paulo Serra, se reuniu com Kassab na última quinta-feira.

— As conversas começaram no fim do ano passado. Ambos os partidos têm figuras nacionais para 2026, o Eduardo Leite do PSDB, o Ratinho Júnior do PSD. O importante é ter quadros, nós temos quadros em São Paulo também. Esse diálogo está caminhando para uma possibilidade real de somar os partidos, independente da forma, que é outra fase a ser estudada — disse Paulo Serra.

Já José Aníbal, presidente municipal da sigla na capital, afirma que o partido está discutindo cenários, mas há divisões. Um dos pontos que dificultam um acordo é o projeto presidencial dos tucanos para 2026. O fato de o PSDB insistir em lançar o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ao cargo é visto como um entrave nas negociações com outros partidos, destaca Aníbal, porque outras siglas também têm seus nomes ou podem apoiar uma eventual reeleição de Lula. Hoje, o PSD tem três ministérios no governo do petista, por exemplo. Aníbal ainda cita conversas em andamento com o MDB para uma possível fusão.

No caso dos partidos do Centrão, o principal empecilho para a aliança se encontra no União Brasil, que ainda tem divisões internas e recentemente passou por um atrito com a decisão do Republicanos e do PP de patrocinar a candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) a presidente da Câmara dos Deputados e esvaziar a de Elmar Nascimento (União-BA). Apesar disso, o União embarcou na aliança de Motta, e defensores da federação acreditam que há chances de ela ser concretizada em 2025.

Os principais interessados são os presidentes do União, Antonio Rueda; do PP, senador Ciro Nogueira (PI); e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Rueda também espera atrair quadros que hoje não estão filiados a nenhum dos três partidos caso a tratativa seja concretizada. Além de filiar deputados e senadores de outras legendas, é esperado o ingresso de governadores.

Ainda assim, há percalços no caminho, e disputas regionais têm dificultado um acordo. O deputado Mendonça Filho (União), que tenta ser líder do partido na Câmara a partir do ano que vem, é um dos principais atores a trabalhar contra a federação. Caso a aliança prospere, Mendonça teria que dividir influência em Pernambuco com o deputado Eduardo da Fonte (PP) e com o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, do Republicanos.

Da mesma forma, o líder do União no Senado, Efraim Filho, resiste a ter que compor com os deputados Aguinaldo Ribeiro (PP) e Hugo Motta, que fazem parte de um grupo político diferente do dele na Paraíba.

Há ainda divergências regionais entre os partidos em outros estados, como Amazonas, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

Entre as exigências para os partidos que compõem federação estão seguir a mesma posição em eleições por no mínimo quatro anos e atuar como se fossem uma legenda só no Congresso, compartilhando o mesmo líder partidário.

Em entrevista ao jornal O Globo no final de outubro, Ciro Nogueira (PP-PI) disse que as negociações para a federação só devem começar a ganhar corpo a partir de fevereiro, depois das eleições para os comandos da Câmara e do Senado.

Cláusula de barreira

Por outro lado, PSB e PDT têm receio de serem atingidos pela cláusula de barreira em 2026 e buscam siglas que estão insatisfeitas com a suas atuais federações. A lei estabelece que os partidos precisarão eleger 13 deputados federais no ano que vem ou ter 2,5% dos votos válidos para Câmara e 1,5% em pelo menos nove estados. Caso esse patamar não seja atingido, as siglas perderão acesso ao fundo partidário e ao tempo de propaganda em rádio e televisão.

O PV, o Cidadania e a Rede dialogam com PSB e PDT para formar uma nova aliança. Esses partidos juntos têm 44 deputados e sete senadores. O número passa longe do tamanho do grupo articulado pelo Centrão, mas seria suficiente para escapar dos efeitos da cláusula de barreira e ainda deixaria o grupo com o mesmo tamanho do MDB, esvaziando o argumento para tirar Geraldo Alckmin (PSB) da vice-presidência da República e dar o cargo para um partido que seria maior.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que “vai lutar” para manter o PV na federação. Além disso, os petistas conversam com setores da Rede para atrair a sigla.

A Rede, da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, vai se reunir em abril para debater o fim da união com o PSOL. Até agora, a única concordância é que, pelo tamanho da sigla, que tem apenas um deputado e nenhum senador, é preciso garantir que ela esteja unida a algum outro partido.

— É fácil escolhermos os benefícios da federação, como acesso ao fundo partidário e horário eleitoral, mas democracia interna não é apenas isso. Se no mesmo partido já existem guerras sem fim, imagine quando misturamos com outros. Entre nós, alguns preferem ficar como já estamos com o PSOL, outros querem com o PDT e PSB, outros com o PT, mas coletivamente temos unidade em compreender que sozinha a Rede vai à clandestinidade política — disse a presidente da legenda, Heloísa Helena.

As articulações de cada sigla

  • Fusão: o PSDB, que vem encolhendo a cada eleição, estuda ser incorporado ao PSD, de Gilberto Kassab, que herdou boa parte das prefeituras tucanas em São Paulo.
  • Centrão em bloco: o PP, o Republicanos e o União Brasil se organizam para fazer uma federação e aumentar seu poder de barganha, já que teriam a maior bancada da Câmara e do Senado.
  • Divórcio: a Rede, da ministra Marina Silva, tende a desfazer a federação com o PSOL, mas precisa se unir a outro partido para superar a cláusula de barreira. A sigla só tem um deputado federal e nenhum senador.
  • Novo formato: o PV avalia deixar o bloco que integra com PT e PCdoB. O partido mantém conversas com o PSB e o PDT para formar uma nova aliança. O PT, por sua vez, tenta segurar o PV e ainda atrair a Rede.
  • Divergências: o Cidadania deve desfazer a federação com o PSDB. Os dois partidos tiveram divergências nas eleições municipais do ano passado. Um exemplo foi o Rio, onde a federação apoiou formalmente, por decisão do PSDB, o candidato Marcelo Queiroz (PP), mas o Cidadania fez campanha para o prefeito Eduardo Paes (PSD).

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