Essa é a razão dos investimentos feitos pelo Ministério da Defesa em programas estratégicos – um deles, o Prosub, que pretende dar à força naval capacitação tecnológica para construir esse tipo de navios; os de propulsão nuclear inclusos. Custa caro. Até 2029 serão investidos R$ 37 bilhões. O projeto envolve a implantação de um estaleiro, de uma nova base e de instalações de apoio em Itaguaí, no litoral sul do Rio de Janeiro. Os submarinos não atômicos, de propulsão diesel-elétrica escolhidos são os franceses Scorpéne, de alta tecnologia. A transferência do conhecimento avançado é assegurada no contrato. No fim do ano o investimento acumulado desde 2008 chegará a R$ 17 bilhões. Estão sendo produzidos no complexo e estarão todos prontos até 2022. O modelo nuclear, de 6 mil toneladas, será entregue em 2029. O consórcio é formado pelo Naval Group, da França, pela Odebrecht Defesa e Tecnologia e pela Marinha. Os navios sofreram pequenas alterações, ficaram mais longos (75 metros) e pesados (2.200 toneladas) para oferecer certo conforto à tripulação regular de 31 pessoas.
A decisão de fazer da flotilha de submarinos o elemento de dissuasão naval do Brasil começa por volta de 2007, quando o governo federal decidiu reequipar e modernizar as forças armadas. As características de furtividade, imprevisibilidade e poder de fogo – o Riachuelo lança torpedos pesados, dispara mísseis de longo alcance e faz a deposição de minas – são fundamentais nas ações de vigilância, patrulha e eventual ataque de interdição. Mesmo contra inimigos de maior porte, a efetividade é garantida pela habilidade. Há registros de vários “afundamentos” eletrônicos, durante exercícios, de porta-aviões nucleares americanos de 100 mil toneladas, “atacados” por pequenos submarinos diesel-elétricos.
Em setembro de 2010, início do ciclo de estruturação do programa, o então ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse em Lisboa, no Instituto de Defesa Nacional, que “o Atlântico Sul responde a questões de segurança muito diferentes das do Atlântico Norte”, referindo-se à declarada intenção da Otan, o pacto militar do norte, de estender sua área de atuação. “A Otan não pode substituir a ONU”, acrescentou, revelando apreensão com a possibilidade – sob influência dos Estados Unidos –, de a organização realizar ações multilaterais na região sem respaldo do Conselho de Segurança nas Nações Unidas. Jobim, na ocasião, afirmou que “o Atlântico Sul é a zona de interesse do Brasil”.