Parlamentares do Republicanos, incluindo o presidente do partido, deputado federal Marcos Pereira, geralmente não gostam de ser associados à Igreja Universal.
“É uma pena vocês nos descreverem assim”, disse recentemente ao portal O Antagonista um parlamentar da sigla.
Pelas contas internas, dos atuais 31 deputados federais, 20 (ou seja, 64%) não são da igreja; dos 2,6 mil vereadores, apenas cerca de 300 teriam ligação direta com a instituição de Edir Macedo; dos 180 prefeitos, apenas um é considerado do quadro da Universal, o pastor Rogério Cruz, que assumiu no início deste ano a Prefeitura de Goiânia, após a morte de Maguito Vilela (MDB), vítima de Covid.
O único senador do Republicanos, Mecias de Jesus, de Roraima, é católico, assim como o ministro João Roma, da Cidadania, que é deputado federal licenciado. O falecido José Alencar, que fundou o partido em 2003, também era católico.
Por outro lado, o próprio Marcos Pereira, que comanda a sigla desde 2011, é bispo licenciado da Universal e muito próximo de Macedo. Marcelo Crivella, sobrinho do chefe da igreja, ainda mantém influência considerável no partido. Da atual bancada federal, o deputado Celso Russomanno, por exemplo, o mais votado do país em 2014, trabalha na Record e é igualmente considerado homem de confiança de Macedo.
Um ex-deputado da sigla sorriu quando O Antagonista comentou que a cúpula do partido rejeita a pecha de “ligado à Universal”.
“É claro que eles vão dizer isso. Como todo partido, eles querem crescer e, para crescer, é melhor não estar atrelado a ninguém, é melhor se vender como independente, para atrair mais gente. Mas o Marcos [Pereira] é funcionário da igreja, não faz nada de grande sem a bênção do Edir Macedo, posso lhe garantir.”
No dia a dia do Congresso, as lideranças do Republicanos, de fato conforme o Antagonista, tentam blindar os parlamentares de qualquer interferência direta da igreja.
“Eu nunca falei com o bispo, de verdade. Ninguém nunca me pediu nada ‘em nome do bispo ou da igreja’, mas é claro que eu sei como eles pensam e eles sabem como eu voto”, disse, pedindo reserva, um deputado da legenda não ligado à Universal.
Como mostramos, o Republicanos, embora seja base do governo Bolsonaro, não garante apoio institucional à reeleição do presidente. Nos bastidores, parlamentares dizem que a decisão de liberar a bancada já estaria tomada. Desde a sua criação, o partido integrou a base de todos os governos: Lula, Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro.