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terça-feira 23 de maio de 2023 às 19:40h

Por que o agro não gosta de Lula? Ruralistas citam seis motivos

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Lula perguntou a ministro da Agricultura por que integrantes do agronegócio ‘não gostam’ dele; Ruralistas listam pelo menos seis motivos para responder ao presidente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva perguntou ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, por que o agronegócio não gosta dele. O relato foi feito pelo próprio ministro na segunda-feira (22) durante uma entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Segundo Daniel Weterman, do O Globo, líderes do agronegócio e ruralistas do Congresso acumulam uma série de irritações com Lula desde que o petista assumiu a Presidência. Invasões promovidas pelo Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ligado ao PT, e comentários do petista estão entre os principais motivos.

Integrantes do governo fizeram movimentos para tentar uma conciliação de Lula com o agronegócio nos últimos dias, mas situação não foi resolvida. Nesta terça-feira, 23, a Câmara iniciou os trabalhados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST, instalada para investigar as invasões do movimento.

O funcionamento da CPI é uma derrota para o governo, que precisará lidar com a comissão enquanto tenta montar uma base de apoio no Congresso e aprovar projetos de interesse de Lula, como o arcabouço fiscal e o novo Bolsa Família.

Ele (Lula) me pergunta por que não gostam dele.

Carlos Fávaro, ministro da Agricultura

Confira seis motivos que respondem a pergunta do presidente feita para o ministro:
Apoio a Bolsonaro

Líderes do agronegócio tiveram um alinhamento com o governo de Jair Bolsonaro e apoiaram a reeleição do ex-presidente. De acordo com aliados de Lula, até agora o petista não “engoliu” o apoio do agro a Bolsonaro e acumula desconfiança com o setor, alimentando a “narrativa” dos ruralistas contra o petista.

“Eles não conseguiram ganhar essa narrativa, mas qual o presidente de fato nos últimos 40 anos fez investimento e deu apoio para o agronegócio? Nós não temos problemas com esse agro, mas também queremos priorizar e apoia a agricultura familiar”, afirmou o deputado Nilto Tatto (PT-SP), escalado para coordenar a bancada do partido de Lula na CPI do MST.

Mudanças no Ministério da Agricultura

A bancada ruralista reagiu contra as mudanças promovidas por Lula no Ministério da Agricultura assim que o petista tomou posse como presidente, em janeiro. A pasta, que é comandada pelo ministro Carlos Fávaro, integrante da bancada ruralista, perdeu o Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (CAR), que centraliza as ações de regularização fundiária, para o Ministério do Meio Ambiente, comandado pela ambientalista Marina Silva (Rede).

Outros dois órgãos de interesse do setor – Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) – foram para o Ministério do Desenvolvimento Agrário, chefiado pelo ministro Paulo Teixeira, deputado licenciado do PT de São Paulo.

Invasões do MST

Invasões promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), ligado ao PT, partido de Lula, também afastaram o presidente do agronegócio. Ruralistas condenam as invasões e cobram do governo uma ação mais enérgica para conter atos ilegais.

As invasões levaram a Câmara a instalar uma CPI na Câmara. O relator é o deputado Ricardo Salles (PL-SP), ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro e opositor ferrenho do PT.

MST na China

O presidente Lula levou o principal líder do MST, João Pedro Stédile, para um encontro com o presidente da China, Xi Jinping, em abril. A presença de Stédile na comitiva ocorreu após a divulgação de vídeo em que o dirigente do movimento prometeu retomar as invasões de terra.

“O Bolsonaro deu um olhar melhor para o agro, eu não acho correto o PT vir e chutar. O menino está bonito e vamos bater nele para que ele fique fraquinho e machucado?”, disse o deputado Marco Brasil (PP-PR), locutor de rodeios e um dos integrantes da bancada ruralista no Congresso. “O Lula não fez nada que prejudicou o agro, mas tem que suavizar esse discurso.”

‘Fascistas’

No dia 11 de maio, o presidente Lula fez menção à Agrishow, maior feita do agro no País, e disse que “alguns fascistas de São Paulo” não quiseram a presença do ministro da Agricultura no evento. O comentário irritou representantes do setor.

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR) afirmou ao Estadão que Lula estava se “distanciando” cada vez mais do setor, gerador de empregos e ganhos econômicos para o Brasil no exterior.

Feira do MST

O vice-presidente Geraldo Alckmin e de outros ministros do governo na feira nacional do MST, no último dia 13, incomodou integrantes da bancada ruralista no Congresso. Parlamentares chegaram a falar que o governo “arrancou” a ponte com o agro ao prestigiar o evento.

“Se ele não tivesse falado nada, estava tudo certo”, disse o vice-presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio na Câmara, deputado Evair de Melo (PP-ES), ao comentar a pergunta feita por Lula para o ministro.

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