A Finlândia se tornou o 31º país membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma aliança militar internacional de defesa coletiva dos países membros. A bandeira da Finlândia será hasteada em breve na sede da aliança, em Bruxelas, na Bélgica.
A adesão da Finlândia é um revés para o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que repetidamente reclamou da expansão da Otan antes de invadir a Ucrânia.
Com a entrada da Finlândia, a extensão da fronteira da Rússia com os estados membros da Otan agora dobrou.
A Finlândia compartilha uma fronteira 1.340 km com a Rússia e solicitou formalmente a adesão à Otan com a Suécia em maio de 2021 por causa da guerra da Ucrânia.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que estava “tentado a dizer que esta é talvez a única coisa pela qual podemos agradecer a Putin”. Afirmou que, ao atacar a Ucrânia, Putin precipitou algo que afirmava querer evitar.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a Rússia está “observando de perto” o que acontece na Finlândia, descrevendo a ampliação da Otan como uma “violação de nossa segurança e de nossos interesses nacionais”.
A Finlândia e a Suécia haviam adotado anteriormente uma política de não-alinhamento com as grandes potências mundiais. Após a invasão da Ucrânia, no entanto, escolheram a proteção do artigo 5 do tratado da Otan, que diz que um ataque a um país membro é um ataque a todos. Isso significa que, se a Finlândia fosse invadida ou atacada, todos os membros da Otan – incluindo os EUA – viriam em seu auxílio.
A invasão da Ucrânia pela Rússia provocou um aumento da aprovação em relação à entrada na Otan na opinião pública finlandesa, com 80% a favor.
“Isso tornará a Finlândia mais segura e a Otan mais forte”, disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, a repórteres nesta terça (4/4). “O presidente Putin tinha o objetivo declarado de obter menos fronteiras com países da Otan com a invasão da Ucrânia, e ele está obtendo exatamente o oposto.”
Suécia
O pedido de entrada da Suécia, por enquanto, está parado. O presidente turco Recep Erdogan acusa Estocolmo de receber militantes curdos e permitir que eles se manifestem nas ruas. A Hungria também ainda não aprovou a adesão da Suécia.
Ao entregar o documento de adesão a Blinken, o ministro das Relações Exteriores da Finlândia, Pekka Haavisto, disse que tinha uma missão inicial muito importante e citou a “ratificação para a adesão sueca”.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse anteriormente que a Otan iria trabalhar para que a Suécia se torne o próximo membro da organização.
A jornada da Finlândia para a adesão durou menos de um ano, e a cerimônia desta terça coincide com o 74º aniversário da fundação da Otan, em 1949.
“A Finlândia é um aliado fantástico, muito capaz, compartilha nossos valores e esperamos uma transição perfeita enquanto país ocupa seu lugar na mesa”, disse à BBC a embaixadora dos EUA na Otan, Julianne Smith.
Ela disse esperar que a Suécia também participe da próxima cúpula da Otan na Lituânia, em julho.
O Kremlin disse que a Rússia estava sendo forçada a reagir e tomar medidas “para garantir sua própria segurança, tática e estrategicamente”. O país, no entanto, afirmou que nunca teve desentendimentos com Helsinque da maneira como teve com a Ucrânia, que se tornou “anti-Rússia”.
Enquanto isso, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse que o sistema de mísseis balísticos de curto alcance Iskander-M da Rússia foi entregue à Belarus e é capaz de transportar armas nucleares e convencionais. Alguns caças bielorrussos também são capazes de transportar armas nucleares, disse ele.
Jens Stoltenberg disse que a Otan ainda não viu mudança alguma na postura nuclear da Rússia que exigisse qualquer mudança na aliança. Ele acrescentou que não haveria tropas da Otan estacionadas na Finlândia sem o consentimento do governo de Helsinque.
A Otan terá agora sete membros no Mar Báltico, isolando ainda mais São Petersburgo, por onde a Rússia tem acesso ao mar.
Peskov disse à BBC que a Rússia vai observar de perto como a Otan usará o território finlandês “em termos de basear sistemas de armas e infraestrutura lá, que estarão bem perto de nossas fronteiras, potencialmente nos ameaçando”.
“Com base nisso, medidas serão tomadas”, disse o porta-voz do Kremlin.