Após o conselho do Twitter ter aprovado a oferta de Elon Musk para comprar a empresa de rede social por US$ 44 bilhões (R$ 213,4 bilhões), os acionistas da Tesla estão correndo para as montanhas. As ações da fabricante de veículos elétricos caíram quase 12% ontem (26), apagando quase US$ 130 bilhões (R$ 645,5 bilhões) da capitalização de mercado da Tesla – e US$ 29 bilhões (R$ 144 bilhões) da fortuna de Musk – em menos de um dia.
Musk ainda é a pessoa mais rica do mundo de longe – atualmente vale cerca de US$ 239,2 bilhões (R$ 1,18 trilhão), cerca de US$ 74 bilhões a mais do que o número 2, Jeff Bezos, segundo o rastreador da Forbes em tempo real. Mas ele valia US$ 268 bilhões (R$ 1,33 trilhão) no final das negociações de segunda-feira (25), o que significa que ele perdeu o equivalente a mais de 9 Donald Trumps em riqueza em menos de 24 horas.
A razão é simples: a maior parte da fortuna de Musk está em sua participação de 21% na Tesla, e os acionistas não parecem estar amando a mais nova distração de Musk.
Quando Musk propôs pela primeira vez uma aquisição hostil do Twitter em 14 de abril, os analistas citaram os temores dos investidores de que Musk, que já está sobrecarregado com os cargos de CEO da Tesla e da empresa de foguetes SpaceX, possa ter que prometer ações da Tesla como garantia para empréstimos para comprar o Twitter, uma razão para a queda de 3% da fabricante de veículos elétricos na Nasdaq naquele dia.
Alguns desses medos se concretizaram. Como parte do pacote de financiamento de US$ 46,5 bilhões (R$ 230 bilhões) que Musk revelou, ele prometerá US$ 62,5 bilhões (R$ 310 bilhões) em ações da Tesla para garantir um empréstimo de margem de US$ 12,5 bilhões (R$ 62 bilhões). Antes de querer o Twitter, Musk já havia prometido mais da metade de sua participação de 21% na Tesla como garantia para outros empréstimos.
Mas outro componente do acordo provavelmente está contribuindo para a queda. De acordo com o analista da Wedbush, Dan Ives, “preocupações com Musk vendendo ações da Tesla para pagar o acordo no Twitter e os temores de distração de Elon estão causando um festival de investidores pessimistas”.
Além de um compromisso de dívida de US$ 13 bilhões dos bancos (R$ 64,5 bilhões, a ser parcialmente garantido pelo próprio Twitter), Musk também disse ao conselho do Twitter que pagará US$ 21 bilhões (R$ 104 bilhões) da compra com capital e não está claro de onde esse dinheiro virá.
A Forbes estima que Musk tenha talvez US$ 2 bilhões (R$ 9,9 bilhões) em dinheiro, depois de vender mais de US$ 16 bilhões (R$ 79,4 bilhões) em ações da Tesla no final do ano passado, pagar impostos sobre essas vendas, doar US$ 6 bilhões (R$ 29,7 bilhões) a uma entidade de caridade e pagar US$ 2,6 bilhões (R$ 13 bilhões) para adquirir sua participação inicial no Twitter no início de 2022. Ele poderia emprestar mais contra suas ações da Tesla que ainda não foram prometidas, embora os bancos possam hesitar em vincular tanto da garantia de Musk a uma empresa volátil.
Também se fala dele trazer sócios para compartilhar parte do fardo de US$ 21 bilhões (R$ 104 bilhões), embora ninguém tenha se aparecido oficialmente. E mesmo que ele encontre outros para acompanhá-lo, a obrigação restante de Musk provavelmente excederá seus estimados US$ 2 bilhões (R$ 9,9 bilhões) em dinheiro em caixa. Portanto, as perguntas que assustaram os investidores parecem estar se perguntando: quando Musk começará a se desfazer das ações da Tesla para levantar dinheiro para comprar o Twitter? E com quantas ações ele vai inundar o mercado?
Para jogar sal na ferida, as ações do Twitter caíram quase 4% em linha com o mercado mais amplo ontem (26), depois de saltar mais de 5% nas notícias da aquisição na segunda-feira (25).
Musk não comentou publicamente sobre as preocupações de que ele estará muito distraído para administrar efetivamente três grandes empresas ou as preocupações de que ele terá que vender ações da Tesla para fazer seu acordo no Twitter acontecer. Ele não respondeu ao pedido de comentário da Forbes. Mas, em um tuíte ontem (26), ele parecia colocar a culpa pela queda dos preços das ações em outros lugares: “A reação extrema de anticorpos daqueles que temem a liberdade de expressão diz tudo”.