Apesar de a defesa de Jair Bolsonaro (PL) tentar pela terceira vez reaver o passaporte do ex-presidente da República, aliados estão pessimistas com as chances de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), dar aval à viagem para a posse de Donald Trump. A cerimônia está marcada para o próxima segunda-feira, dia 20 em Washington, nos Estados Unidos.
“As chances são nulas. Não há fatos novos e Moraes já negou o pedido para Bolsonaro ir a Israel (convite do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para visitar o país, no ano passado). Negou exatamente um pedido similar com os mesmos argumentos”, admite reservadamente um integrante do PL ouvido reservadamente pelo blog de Malu Gaspar.
Um outro aliado de Bolsonaro faz a mesma previsão: “Sem chance. É mais fácil o Sargento García prender o Zorro.”
Ao pedir a devolução do passaporte, a defesa de Bolsonaro alegou ao STF que o comparecimento a um evento de “magnitude histórica” como a posse de Trump evidencia a importância do diálogo “entre líderes globais e reveste-se de singular importância no contexto das relações bilaterais Brasil-Estados Unidos” – e alega que sua viagem “não acarretará qualquer risco ou prejuízo às investigações em curso”.
Mas o retrospecto não anima os bolsonaristas.
Em fevereiro do ano passado, Moraes determinou a apreensão do passaporte de Bolsonaro em meio às investigações de uma trama golpista para impedir a posse de Lula em 2022.
Bolsonaro entrou com recurso para obter o documento de volta, mas o pedido foi negado por unanimidade pela Primeira Turma do STF, em outubro. O colegiado que reúne os ministros Flávio Dino, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Luiz Fux
Conforme publicou O Globo, a Primeira Turma referendou, de forma unânime, todas as decisões de Moraes em processos que miram bolsonaristas e envolvidos em atos golpistas ao longo de 2024.
“O desenrolar dos fatos já demonstrou a possibilidade de tentativa de evasão dos investigados, intento que pode ser reforçado a partir da ciência do aprofundamento das investigações que vêm sendo realizadas”, disse Moraes na ocasião.
Um mês depois do julgamento na Primeira Turma, Bolsonaro acabou indiciado pela Polícia Federal por crimes – tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa – totalizam uma pena que pode chegar a 28 anos de prisão.
Convite
Bolsonaro foi convidado por Trump para participar da celebração após a posse no Capitólio, como publicamos no blog na última quarta-feira. O convite foi feito por e-mail e enviado pelo diretor-executivo do comitê de posse, Richard Walters.
“Em nome do presidente-eleito Trump, gostaria de convidar o presidente Bolsonaro para a cerimônia de posse do presidente-eleito Trump e do vice-presidente eleito [J.D.] Vance”, diz o convite enviado por meio do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Na mensagem, o chefe do cerimonial pede ao deputado que informe se o ex-presidente poderá ir para que ele possa seguir com os preparativos.
No último sábado (11), Moraes mandou que a defesa de Bolsonaro comprove o convite para a posse do presidente eleito americano.
Moraes apontou que o pedido da defesa de Bolsonaro só anexou uma mensagem enviada por e-mail ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, com um remetente desconhecido e não identificado (“ info@t47inaugural.com info@t47inaugural.com”), sem informar o horário ou a programação do evento.
Jair Bolsonaro e Donald Trump são aliados próximos e foram presidentes contemporâneos entre 2019, quando o brasileiro assumiu o poder, e 2021, quando o americano deixou a Casa Branca após a derrota para o democrata Joe Biden. Bolsonaro foi o último líder estrangeiro democrático a reconhecer a vitória de Biden diante das acusações infundadas de fraude eleitoral por parte de Trump.