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quinta-feira 25 de agosto de 2022 às 17:12h

Por que a queda do euro pode ser um bom negócio

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Moeda europeia fechou abaixo da paridade do dólar, na cotação mais baixa dos últimos 20 anos. Cenário prevê continuação da tendência, com perspectivas um tanto sombrias para a Europa. O euro tem se desvalorizado acentuadamente frente ao dólar desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro. Na terceira semana de agosto, a moeda europeia caiu abaixo da paridade do dólar pela segunda vez atingindo seu menor valor em quase duas décadas. A queda foi causada pela preocupação de investidores com uma potencial recessão na zona do euro, em meio ao recorde dos preços do gás e eletricidade, e das incertezas em torno do fornecimento russo do combustível fóssil para o bloco.

O euro fechou esta terça-feira (23/08) em 0,9927 dólar, de acordo com o Banco Central Europeu (BCE), – a cotação de fechamento mais baixa dos últimos 20 anos. Pouco antes da guerra na Ucrânia, a moeda europeia estava cotada em 1,15 dólar.

O que levou à desvalorização do euro?

O agravamento geral do cenário para a zona do euro diante do aumento dos preços do gás e preocupações de fornecimento está arrastando a moeda comum para o buraco. A imensa dependência de grandes economias, como Alemanha e Itália, do gás russo deixou os investidores temerosos, com economistas prevendo uma recessão muito mais rápida e dolorosa na zona do euro do que nos Estados Unidos.

Adicione-se a isso a diferença dos níveis das taxas de juro dos dois lados do Oceano Atlântico, pois a Reserva Federal dos EUA tem sido mais agressiva em aumentar as taxas em sua batalha contra a inflação.

O dólar também está se beneficiando de seu apelo de porto seguro: em meio a tantas turbulências e incertezas na economia global, os investidores preferem a relativa segurança que o dólar oferece, ficando menos expostos a grandes riscos globais.

O que é a paridade do dólar?

A paridade significa basicamente que a cotação está um para um. Não é mais do que do um limite psicológico para os participantes do mercado, conhecidos pela preferência por números redondos. “Os mercados financeiros sempre amaram encontrar algum tipo de significado simbólico”, observa Carsten Brzeski, economista-chefe para Alemanha e Áustria no ING.

O nível de paridade é muitas vezes um ponto de resistência no qual os touros e os ursos do euro se enfrentam para determinar qual caminho a cotação tomará a partir de então. Esse foi o caso quando, em julho, o euro vacilou em direção à paridade: após tocá-la brevemente, a moeda evitou fechar abaixo desse limite.

Como o euro mais fraco impacta os consumidores?

A queda do euro é um fardo a mais para as famílias e os negócios europeus que já enfrentam uma inflação recorde. Uma moeda mais fraca encarece as importações, maioria negociada em dólar. O encarecimento de matérias-primas e bens intermediários eleva também os preços locais.

Em tempos normais, uma moeda fraca é vista como algo bom para economias que exportam muito, como a Alemanha, pois impulsiona as exportações, que ficam mais baratas em relação ao dólar. Mas “na situação atual, com tensões geopolíticas, os benefícios de uma moeda fraca são menores do que as desvantagens”, ressalva Brzeski.

Qual será o tamanho da queda do euro?

A previsão é de que o euro continue a cair, com a piora da crise energética na Europa. Os países europeus buscam alternativas ao gás e petróleo russos, tentando evitar apagões e racionamento de energia. Isso tem elevado os custos energéticos.

Economistas da Nomura Internacional estimam que o euro caia para 0,95 dólar neste trimestre, enquanto especialista do banco de investimentos Morgan Stanley prevê uma queda para 0,97 dólar.

O que significa um euro mais fraco para o BCE?

A desvalorização da moeda comum e o aumento dos preços trazem novos desafios para o Banco Central Europeu, que tem sido criticado pelo início tardio do ciclo de aumento de taxas em relação aos seus pares.

Para piorar as coisas, o BCE tem o mandato de controlar a inflação, e o euro não se desvalorizou apenas diante o dólar, mas também em relação a outras moedas, como o franco suíço e o iene japonês.

“Isso tem ampliado a fraqueza do euro e, assim, está se tornando mais um problema de inflação para o BCE”, afirma Viraj Patel, especialista em cotação cambial da Vanda Research.

O euro em queda foi um dos fatores que pesou na decisão do BCE de aumentar as taxas em 50 pontos-base em julho, o dobro do sinalizado em junho.

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