Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) crescem nas redes sociais na reta final da campanha de segundo turno. Desde o último sábado (20), os dois rivais têm registrado uma curva ascendente no Índice de Popularidade Digital (IPD).
A disputa continua acirrada e indica um resultado próximo entre os dois nas urnas no próximo domingo (30). O petista, porém, segue à frente do presidente: se desempenhou melhor na internet em 18 dos 23 dias que sucederam a primeira votação.
Nesta segunda (24), data da última medição, Lula marcou 84,09 contra 83,34 do rival no indicador, que vai de zero a cem. O número é calculado diariamente pela empresa de pesquisa e consultoria Quaest e publicado pela Folha desde junho.
Ambos vêm numa tendência de alta há pelo menos cinco dias, quando eles marcavam 80,02 e 76,03, respectivamente. O mesmo aconteceu uma semana antes do primeiro turno, momento em que os dois bateram seus recordes em popularidade digital até então.
“Me parece ser o efeito da reta final da campanha. Os candidatos estão mobilizados e os eleitores também”, analisa Felipe Nunes, diretor da Quaest e professor de métodos quantitativos da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Lula saltou de 81,15 para 84,06 de sábado (22) para domingo (23), dia em que o ex-deputado bolsonarista Roberto Jefferson (PTB) foi preso pela Polícia Federal depois de tentar resistir à ordem judicial, disparando mais de 20 tiros de fuzil e lançando duas granadas contra agentes.
Na mesma data, também geraram alto engajamento ao petista uma postagem da artista Maísa, dizendo que “vai de 13” e chamando “primos jovens” a votar, e outra do streamer Casimiro desmentindo montagem compartilhada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Bolsonaro teve uma subida mais leve nesse dia, de 80,17 para 81,86, apesar de ter sido sabatinado sozinho pela TV Record. A emissora chamou Lula para um debate com o adversário naquele domingo, mas ele declinou o convite.
O IPD é publicado mensalmente pela Folha e ajuda a medir a temperatura da corrida eleitoral. Ele é calculado desde 2018 por meio de um algoritmo de inteligência artificial que coleta e processa 152 variáveis dos sites Twitter, Facebook, Instagram, YouTube, Wikipedia e Google.
São monitoradas seis dimensões: presença digital (perfis ativos), fama (número de seguidores), engajamento (comentários e curtidas por postagem), mobilização (compartilhamentos), valência (proporção de reações positivas e negativas) e interesse (volume de buscas).
A conta inclui também os resultados de eleições passadas, com o acompanhamento de milhares de candidaturas, e é atualizada a cada pleito.
No primeiro turno, o indicador mostrou quadros próximos aos resultados das urnas. Apontou, por exemplo, maior aproximação de Bolsonaro a Lula, assim como Simone Tebet (MDB) à frente de Ciro Gomes (PDT).
A correlação entre o desempenho dos candidatos nas redes sociais e nas urnas chegou a 99% na disputa presidencial. Também ficou acima de 82% em seis das sete disputas estaduais analisadas, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, exceto no Rio Grande do Sul.
O IPD foi criado para fazer esse tipo de prognóstico, diferentemente das pesquisas de intenção de voto realizadas por institutos tradicionais como Datafolha e Ipec —que não têm como objetivo antever o resultado do pleito, mas medir como o eleitor pretende agir no momento das entrevistas.