Certificada pelo G-20, a indústria de fardamento corporativo, cliente do Sebrae, lançou camisa sustentável que pode ser usada até 5 vezes sem apresentar odor
Uma parede verde na fachada emoldura a entrada da Polo Salvador. A confecção de fardamento corporativo localizada no Condomínio Bahia Têxtil, no bairro do Uruguai, na capital baiana, está enquadrada como pequena indústria, mas sua representatividade desponta como gigante no cenário nacional e internacional de empresas que adotam de forma plena o conceito de ESG. Em setembro deste ano foi certificada pelo G-20 como uma das 100 empresas mais sustentáveis do mundo.
A Polo Salvador coleciona 15 certificações e prêmios atribuídos a práticas sustentáveis. Dias antes de ser premiada pelo G-20, recebeu a Declaração de Conformidade relativa ao Programa de Verificação ESG da Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT), que foi desenvolvido em conformidade ao documento ABNT – PR 2030, baseado nos 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). O reconhecimento é inédito no Brasil.
O coordenador de Indústria do Sebrae Bahia, Tércio Calmon, ressalta a relevância da escalada do CEO da Polo Salvador, Hari Hartimann, cliente do Sebrae Bahia há mais de dez anos, tendo participado de cursos, missões empresariais, capacitações, treinamentos e consultorias. “Ele tem um espírito de sustentabilidade muito grande e trouxe essa metodologia de práticas verdes para dentro do negócio”, informa o gestor.
Tércio Calmon observa que a declaração da ABNT é inédita no Brasil para a micro, pequena, média e grande empresa. “Vale ressaltar que quem ganhou esse reconhecimento foi uma pequena empresa. E o Sebrae ajudou, parcialmente, nesse processo, porque está inserido nesse contexto, através dos ensinamentos que injetou na Polo Salvador, ajudando-a a atingir um grau de maturidade empresarial e conquistar esse prêmio. Mas também se pode atribuir muito disso à vocação, iniciativa, busca e inquietação desse empresário”, afirma.
Trajetória
O geólogo gaúcho Hari Hartmann, “baiúcho”, como se autointitula, adotou a Bahia há 37 anos. Inicialmente, trabalhou com mineração em várias regiões do estado e depois decidiu empreender com a esposa e sócia, Imelda Hartmann. Na década de 90, abriram uma loja de confecção de vestuário. Como não possuía conhecimentos em gestão de negócio, Hari buscou capacitação no Sebrae. Dentre os treinamentos que realizou estão o Qualidade Total, Sebrae Ideal (1 e 2) e Empretec.
O casal criou, em 2012, a Polo Salvador, no Condomínio Bahia Têxtil, ao lado de mais 22 indústrias. Com a nova empresa preferiram focar na produção de camisas polo e fardamento corporativo. Ao ser criada, a Polo Salvador produzia 200 camisas por dia. Atualmente, a produção diária é de 2 mil peças. “Nossa ideia era trabalhar em um ambiente sustentável, com o menor desperdício e maior produtividade. Em um ano e meio quitamos todos os nossos débitos”, conta Hari Hartmann.
Movido sempre pelo fortalecimento das práticas ESG no negócio, Hari Hartmann pós-graduou-se em Sustentabilidade pelo CETIND e sua dissertação teve como tema o reaproveitamento de retalhos. Atualmente, os cerca de 10% de resíduos de tecidos da indústria (retalhos) são doados a uma creche. Todo o lixo é reciclado, a água utilizada na empresa é reaproveitada da chuva e possui 100% de autonomia energética por meio de 137 placas fotovoltaicas.
Novo produto
A empresa confecciona, atualmente, cinco linhas de camisas, com percentuais de algodão e poliéster variáveis de acordo com as necessidades dos clientes. O poliéster das fibras é obtido através do beneficiamento de garrafas pet. Há cerca de dois meses, a Polo Salvador começou a produzir camisas polo 100% sustentáveis, testadas durante sete meses na Alemanha e únicas no Brasil.
O tecido das peças recebe tintura e amaciante feitos a partir de tecnologia avançada (antibacteriana), que recicla o silicone de capas de celular. A cada 10 camisas produzidas, uma capa de celular de silicone é retirada do meio ambiente. “Essa camisa é sustentável desde a matéria-prima até a economia de água”, frisa Hartmann. O preço varia de R$ 40 a R$ 50, de acordo com o bordado da logomarca do cliente.