Existe um ditado que diz: “Nada de novo sob o sol”, e ele se aplica perfeitamente às recentes deportações de imigrantes ilegais nos Estados Unidos. A primeira leva de deportados no atual mandato do presidente Donald Trump reacendeu debates sobre a política migratória americana e os objetivos por trás dessas medidas.
Vale lembrar que as deportações não são novidade. Essa prática ocorreu durante os governos de Barack Obama, Joe Biden e no primeiro mandato de Trump. Mais uma vez, agora em seu segundo mandato, as deportações continuam em curso, reforçando uma política migratória rigorosa que já se tornou parte do DNA político americano.
O que muda, no entanto, é a percepção da opinião pública e da imprensa. Isso ocorre porque a política migratória foi uma das principais bandeiras levantadas por Trump em sua campanha, sendo um dos pilares de sua vitória. Dessa forma, os holofotes midiáticos estão voltados para cada movimentação de seu governo nesse campo, gerando reações tanto de apoio quanto de críticas.
A deportação de imigrantes faz parte de um modelo político nacionalista enraizado nos Estados Unidos, que transcende partidos. Republicanos e democratas, de forma distinta, seguem a filosofia “America First” — os Estados Unidos em primeiro lugar. Essa visão reflete a crença de que a segurança e prosperidade globais dependem da supremacia americana.
Para entender melhor essa postura, é necessário um breve resgate histórico. Uma das doutrinas que influenciaram essa política foi a do “Destino Manifesto”. Essa crença, resgatada por Trump, sustenta que os Estados Unidos têm o direito divino de expandir suas fronteiras por toda a América, incluindo a América do Sul.
Outro marco importante é a Doutrina Monroe, anunciada entre 1817 e 1825 pelo então presidente James Monroe. Sob forte influência nacionalista, Monroe estabeleceu uma série de diretrizes que impulsionaram a expansão econômica e política dos Estados Unidos, promovendo intervenções diretas na América Latina em um momento em que a Europa enfrentava revoltas e guerras de independência.
Nesse contexto, não podemos ignorar a interação da América Latina com as potências europeias da época — Espanha, Portugal e Inglaterra —, que moldaram profundamente o cenário político e econômico da região. Trump, ao adotar essa retórica expansionista, resgata doutrinas do passado e as aplica no mundo contemporâneo.
Outro ponto relevante é a estratégia diplomática do presidente Theodore Roosevelt, conhecida como “Big Stick” (o Grande Porrete). Essa política prevê que os Estados Unidos protegem a América Latina, mas sempre priorizando seus interesses econômicos. Hoje, vemos Trump utilizando uma abordagem similar, defendendo uma intervenção assertiva e focada nos interesses americanos.
Não é coincidência que Trump tenha mencionado ideias como a anexação da Groenlândia, do Canadá e sugerido renomear o Golfo do México para “Golfo da América”. Essas propostas revelam uma mentalidade expansionista que encontra ressonância na história dos Estados Unidos.
Assim, as deportações atuais são mais do que uma política migratória; elas são um símbolo claro da estratégia externa de Trump, que busca reafirmar o papel dominante dos Estados Unidos no continente americano.
—
Por Andreyver Lima – Especialista em Comunicação e Marketing Político, analista político do Conexão Morena FM e editor do blog Seja Ilimitado.