A Polícia Federal informou que vai reforçar a segurança dos candidatos ao Planalto. Segundo Bernardo Mello Franco, em sua coluna no O Globo, esta medida parece vir em boa hora. Nas últimas semanas, a militância bolsonarista hostilizou dois adversários do capitão. A campanha ainda não começou oficialmente, mas o clima de intimidação já está no ar.
Ciro Gomes foi perseguido ao visitar uma feira agropecuária em Ribeirão Preto. Sob vaias e xingamentos, teve que apressar o passo para deixar o local. Na saída, revidou parte dos insultos.
Na quinta-feira, Lula teve seu carro cercado num condomínio residencial de Campinas. Um segurança chegou a exibir uma submetralhadora para proteger a comitiva. Os ex-presidentes têm direito a escolta de militares do GSI.
Nos dois episódios, há indícios de que grupos bolsonaristas se organizaram previamente para intimidar os candidatos da oposição. As agressões ficaram no plano verbal, mas isso não significa que a PF possa relaxar.
A campanha de Lula já começou a tomar precauções. Em março, a segurança o impediu de visitar uma favela no Rio. Petistas contam que há orientação para reduzir atividades de corpo a corpo e não entrar em áreas controladas pela milícia.
Em 2018, antes de ser preso, Lula tentou rodar o país e enfrentou piquetes em rodovias. Um ônibus de sua comitiva foi atingido por três tiros no Paraná. Seis meses depois, Jair Bolsonaro levou uma facada em Juiz de Fora e precisou ser operado às pressas. A PF concluiu que o autor do atentado agiu sozinho, mas o capitão insiste na tese de que foi vítima de um complô.
Passados quatro anos daquela eleição, o ambiente político no país só piorou, diz Bernardo Mello Franco.