A Polícia Federal entrou em alerta após registrar crescimento do Comando Vermelho no Nordeste, registra Paulo Cappelli, do portal Metrópoles, principalmente, conforme constata o #Acesse Polícia, também na Bahia. O avanço da facção causa preocupação, em especial, de acordo com colunista, por conta da conduta extremamente violenta de seus integrantes.
Investigadores ouvidos pela coluna de Cappelli, citam outras facções do tráfico de drogas como mais “cerebrais” e “organizadas”, evitando derramamento de sangue. Já o CV, pontuam, tem como modus operandi o enfrentamento, mirando inclusive o assassinato de policiais.
Esse crescimento foi registrado ao longo dos últimos anos em estados como a Bahia, onde um agente da PF foi assassinado nesta sexta-feira (15), Paraíba e Rio Grande do Norte.
PF cria grupo para combater tráfico
Para tentar conter o avanço de facções criminosas, a Polícia Federal passou a coordenar a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado. Chamadas de “Ficcos”, elas já foram instaladas em todos os estados brasileiros e abrangem também as polícias Civil, Militar, Penal Estadual e Penal Federal.
No último dia 5, uma operação do Ficco da Paraíba prendeu 11 suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas, aliciamento de menores e até estupro de vulnerável.
Em agosto, em outra frente de investigação, o Ficco da Paraíba identificou e prendeu suspeitos de incendiarem um ônibus que resultou na morte de um motorista.
Rival do Comando Vermelho, facção carioca chega à Bahia e faz aliança com o BDM
Conforme a reportagem de Bruno Wendel, do jornal Correio da Bahia, até a chegada da notícia da “dobradinha”, era sabido que o BDM tinha o apoio do Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa de São Paulo e a maior do país. A relação entre as duas foi construída com o PCC fornecendo drogas e armas. Porém, não se sabe ao certo se acabou, mas o que é de conhecimento em Santo Amaro, inclusive comentado pelos próprios policiais, é que essa aliança teria sido rompida, por vários motivos.
O primeiro e mais importante seria o fato de o PCC não se estabelecer na Bahia, como fez em Sergipe, Alagoas, Ceará e Rio Grande do Norte. Desta forma, o BDM vem enfrentando grandes batalhas com o fortalecimento do CV em Salvador e sua expansão para outras cidades.
“Além do agravamento na disputa por territórios, esse Terceiro Comando Puro tem o modo de operação muito mais agressivo, mais do que o PCC. Tudo indica que o PCC tinha objetivos maiores ligados ao tráfico internacional e talvez não tivesse dando a assistência que o BDM necessita”, avaliou o especialista em segurança pública, o coronel Antônio Jorge, coordenador do curso de Direito do Centro Universitário Estácio FIB da Bahia.
O segundo ponto é que já havia o desejo do TCP de se fixar na Bahia, por causa da dimensão territorial, e também pela facção e o BDM terem um mesmo inimigo em comum, o CV. Mas essa perigosa “dobradinha” pode ter outro efeito. O surgimento de mais uma nova organização criminosa. “Tudo vai depender como as peças serão mexidas nesse tabuleiro. Não foi à toa que a Secretaria da Segurança Pública fez recentemente um acordo com a Polícia Federal, criando uma espécie de força-tarefa, pois a tendência é que haja um agravamento neste cenário de disputas”, comentou o coronel Antônio Jorge.
Como surgiu o TCP
A facção tem seus primórdios no extinto Terceiro Comando, atuante nas décadas de 1980 e 1990. Alguns líderes do TC naquela época eram os criminosos Zacarias Gonçalves, Zaca Jorge Zambi, Pianinho, Pitoco da Vila Aliança, Robertinho de Lucas, Adilson Balbino, dentre outros.
Em 1998, o Terceiro Comando aliou-se à facção recém-criada Amigos dos Amigos (ADA), ampliando seus domínios. Por volta de 2002, o TCP surgiu a partir de uma dissidência do TC, chegando a coexistir com esta última e o ADA.
Após 11 de setembro de 2002, quando Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, liderou uma revolta no presídio Bangu I, matando alguns rivais, entre eles Uê, um dos líderes da união TC/ADA, Celsinho da Vila Vintém, da facção ADA, que não foi morto durante a rebelião, foi acusado de traição, o que gerou o rompimento definitivo da aliança com o ADA. Assim, os traficantes do quase extinto TC pularam para o TCP e outros para o ADA. Foi nessa cisão que os integrantes da facção decidiram colocar o P de Puro na sigla da facção, realçando que os que continuaram no Terceiro Comando eram criminosos “puros” e “sem mistura”.
Após a morte de Robinho no final de 2007, quem se tornou o primeiro homem na hierarquia de Senador Camará, bairro da Zona Oeste carioca, foi o traficante Marcio José Sabino, mais conhecido como Matemático, que assumiu o controle de seus postos de venda de droga até ser morto em uma emboscada em maio de 2012.
Hierarquia
Ao contrário da sua arquirrival, o Comando Vermelho, a facção Terceiro Comando Puro tem uma hierarquia descentralizada. Cada “dono” de comunidade só responde por ela, sem receber interferências de outros líderes da cúpula da facção. O TCP não tem uma hierarquia definida e nem um alto conselho para decisões da facção, e cada dono mantém seu poder na própria comunidade ou naquela comunidade em que ele ajudou a “tomar”.
No cenário de guerra, cada dono cede homens ou armamentos para a empreitada criminosa. No fim, esses donos vão ter suas “fatias” naquela comunidade caso a facção tenha êxito na empreitada.