terça-feira 2 de julho de 2024
Mauro Cid: o tenente-coronel, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, depôs durante 10 horas à PF no dia 31 — Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
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sábado 9 de setembro de 2023 às 07:43h

Polícia Federal aceita acordo de delação com coronel Mauro Cid

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A Polícia Federal aceitou fechar acordo de delação premiada com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação foi inicialmente publicada pelo portal g1.

Na quarta-feira (6), o militar foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) formalizar que estava disposto a colaborar com as investigações. Ele se reuniu com o juiz Marco Antonio Martin Vargas, que atua no gabinete do ministro Alexandre de Moraes.

Após a PF concluir a sua parte, o próximo passo será encaminhar o material para o Ministério Público Federal (MPF), que deverá se manifestar sobre as condições para o acordo a ser firmado. Depois, a delação ainda precisará ser homologada (confirmada) pelo Supremo.

Desde que seu pai, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, foi alvo de uma operação da PF que apura o caso das joias, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro tem demonstrado disposição em colaborar com as investigações.

Nas últimas semanas, ele esteve pelo menos três vezes na sede da PF para prestar depoimento. No dia 31 de agosto, enquanto o ex-presidente e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro decidiram permanecer em silêncio diante dos delegados, Mauro Cid falou por mais de dez horas.

O tenente-coronel é considerado peça-chave da investigação que apura a venda e a recompra de presentes oficiais recebidos por Bolsonaro durante o seu mandato. Uma operação deflagrada em 11 de agosto detalhou como joias e outros objetos foram vendidos nos Estados Unidos, onde o pai de Mauro Cid morava e para onde Bolsonaro foi após ser derrotado nas eleições.

O militar também é alvo de outras investigações, sobre as quais pode colaborar, como as intenções golpistas de Bolsonaro, que se recusou a aceitar a vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de outubro. Mauro Cid chegou a ser citado pelo hacker Walter Delgatti, que afirmou ter discutido com Bolsonaro maneiras para tumultuar o processo eleitoral, como forjar a invasão das urnas eletrônicas.

O tenente-coronel também é suspeito de fraudar cartões de vacina contra a covid-19. Foi no âmbito dessa investigação que ele foi preso, em maio.

Procurada, a defesa de Mauro Cid não se pronunciou. Desde que assumiu o caso, no mês passado, o advogado Cezar Bitencourt deu declarações desencontradas, inclusive afirmando que seu cliente não assinaria um acordo de delação.

“Não tem nem por quê. Possibilidade zero. Vou fazer a defesa do Cid, não tem por que delatar ninguém. Eu sou contra isso”, disse em uma declaração à imprensa no mês passado.

O próprio advogado esteve com Moraes, em 24 de agosto, mas, segundo interlocutores do ministro, o encontro foi rápido e protocolar, durante o intervalo da sessão plenária do STF.

Questionado sobre o assunto, o assessor e um dos advogados de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, disse ao Valor que “não há o que delatar”.

Nessa quinta-feira, o ministro da Defesa, José Múcio, comentou o assunto durante entrevista à GloboNews. Pela manhã, ele participou do desfile do 7 de Setembro, ao lado de Lula.

O ministro afirmou que, como porta-voz das Forças Armadas, tinha “pressa” em superar o desgaste gerado à corporação com o caso e com a invasão das sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro, em Brasília.

Durante a entrevista, Múcio foi perguntado sobre o acordo de delação premiada fechado com a Polícia Federal por Mauro Cid e também sobre a possibilidade de envolvimento de outros militares no caso.

“Nós, das Forças Armadas, temos o maior interesse que isso tenha pressa [em ser resolvido], porque faz quase nove meses que nós estamos postos em suspeição. Então, eu acho e acredito que tudo isso está perto de chegar ao fim”, afirmou.

O ministro da Defesa disse que soube pela imprensa da possibilidade do acordo de delação premiada, quando “começou a circular que ele [Mauro Cid] tinha ido lá conversar com o 02 da investigação” na PF.

Ele reforçou sua posição dizendo que é preciso “virar essa página” e “olhar para frente”. Também se queixou de que, “todos os dias” fala-se sobre os desdobramentos do que ocorreu no dia 8 de janeiro.

“Eu gostaria de conversar sobre o futuro do Brasil, [sobre] as Forças Armadas cooperando com o governo, exercendo seu papel, contribuindo como servidores públicos que são para que nós possamos construir o Brasil que nós precisamos”, afirmou.

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