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quarta-feira 23 de outubro de 2024 às 15:22h

Plataformas digitais ‘vivem um Velho Oeste’ e é preciso regulação, diz Nizan Guanaes

DESTAQUE, NOTÍCIAS, REDES SOCIAIS


Durante o evento Bloomberg New Economy at B20, que ocorre em São Paulo nesta quarta (23), o atual CEO da N.ideias, Nizan Guanaes disse que as plataformas digitais ‘vivem um velho oeste’.

O empresário ainda exemplificou que dentro da indústria televisiva uma remoção de conteúdo pode ser feita ’em 24h’, e considera que no meio digital as plataformas não possuem uma regulação tão rigorosa.

Nizan Guanaes integrou um painel com Dario Werthein, sócio do Werthein Group e presidente da Vrio Corp, e Fábio Coelho, CEO do Google no Brasil.

“A regulação se tornou necessária. Não pode ser feita em prejuízo das empresas, mas temos que ter algo que seja decente. A palavra certa é ‘responsável’”, defendeu Guanaes.

Discussão acalorada

O assunto foi motivo de discordância entre Coelho e Guanaes, que protagonizaram uma discussão acalorada pelo fato de o CEO da N. Ideias ter relembrado um episódio que viralizou nas redes sociais e que recebeu acusações de racismo.

pisódio que envolveu sua esposa, Donata Meirelles, em meados de 2019. À época, Donata era diretora da Vogue Brasil e estava comemorando seu aniversário de 50 anos em Salvador (BA). Na comemoração, eela tirou uma foto sentada em uma cadeira com duas mulheres negras – que estavam com figurino e trabalhavam na comemoração – uma de cada lado.

Assista:

A foto teve uma repercussão negativa na imprensa e nas redes sociais, sendo rotulada como ‘racismo recreativo’ por uma série de pessoas que interpretaram a foto como um ‘trono de sinhá’, fazendo uma suposta alusão a uma senhora de escravos. A repercussão nas redes sociais e em blogs e sites de notícias teve um impacto imediato e, conforme relatado por Nizan, Donata foi forçada a pedir demissão da Vogue. À época, ela emitiu uma nota pedindo desculpas, explicando que a festa não era temática, que o trono era de candomblé, e não de sinhá, como fora associado.

Conteúdos sobre esposa de Nizan

Durante o painel do evento da Bloomberg, o empresário Nizan Guanaes relatou, então, que despendeu uma série de esforços para conter o volume de conteúdo que estava sendo publicado sobre sua esposa, mas não conseguiu.

Guanaes disse que chegou a falar com Fábio Coelho – que é seu amigo pessoal – sobre o ocorrido, mas não conseguiu uma resposta imediata para retirar os conteúdos.

“Minha esposa estava comemorando seu aniversário na Bahia e era uma festa linda, Caetano e Gil estavam tocando, e alguém na imprensa começou a falar que era uma ‘festa de escravos’. O que ocorreu é que isso se espalhou nas plataformas rapidamente e minha mulher teve que pedir demissão do seu trabalho. Nos fomos ao Ministério Público, que falou que a rotulação de racismo era uma mentira, mas isso já estava em toda parte. Falei com Fábio e ele disse que não poderia fazer nada, por conta das regras e das leis”, relatou.

Coelho, durante o painel, defendeu que é inviável uma remoção arbitrária e deliberada de conteúdos dentro da plataforma.

“Eu não posso simplesmente retirar o conteúdo. Eu preciso seguir a lei, respeitar a lei. Não podemos simplesmente remover algo, e no momento ainda estamos discutindo as proteções legais sobre esse tema”, disse o CEO do Google Brasil.

Regulação demanda diálogo, diz CEO da Google

Coelho ainda ressaltou que considera necessária uma regulamentação, mas frisou que é uma discussão que deve ser ponderada.

No fim do painel, quando a discussão foi desdobrada para direitos de transmissão, o executivo da Google no Brasil disse: “Para as empresas é importante respeitar os direitos autorais e compreender as leis e respeita-las. Eu sou responsável pelo Google há 14 anos aqui no Brasil e enxergo uma oportunidade para todos se educarem. Há tecnologias emergentes que exigem diálogo. Estamos no meio de um processo que não precisa ser tão inflamado, as pessoas precisam sentar à mesa e discutir e entender soluções”.

Guanaes, quando questionado sobre o futuro da regulação, declarou: “Olha com certeza é crítico ter regulação, a questão é que não deve ser uma regulação feita por pessoas que não compreendem o que executam. Estou dando um outro ângulo aqui”.

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