A Universidade Federal de Goiás (UFG) lançou, nesta semana, uma plataforma para análise do desmatamento no cerrado. A área de Meio Ambiente da Confederação Nacional de Municípios (CNM) considera positiva a iniciativa e destaca que o sistema pode ser utilizado para embasar políticas públicas do setor. Existem 1.386 Municípios brasileiros inseridos no bioma e que, portanto, podem ser avaliados na plataforma.
O Cerrado Dpat (Deforestation Polygon Assessment Tool), traduzido do inglês como ferramenta de avaliação do polígono do desmatamento, tem como objetivo oferecer aos gestores públicos dos níveis federal, estadual e municipal dados confiáveis para a gestão ambiental. Ele disponibiliza on-line e gratuitamente as informações de desmatamento e áreas suscetíveis desde o ano 2000, com base nos programas Prodes e Deter Cerrado, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Na prática, o Cerrado Dpat avalia qualitativamente os dados Prodes, de monitoramento por satélites do desmatamento por corte raso na Amazônia Legal, e os dados Deter, que, segundo o Inpe, é um levantamento rápido de alertas de evidências de alteração da cobertura florestal. Para cada polígono de desmatamento identificado, a equipe da UFG realizou uma série de procedimentos, a partir de observações em campo e análises estatísticas.
Terra abandonada
Os trabalhos de campo percorreram 7.540 quilômetros pelos Estados do Tocantins, da Bahia, do Maranhão e do Piauí. Um exemplo de informação que pode ser tirada da plataforma é a extensão territorial e o percentual de área desmatada de acordo com o uso da terra. Houve destaque para as áreas chamadas “terras abandonadas”, que estão sem nenhum tipo de uso – na maioria dos casos o desmatamento ocorre para dar espaço à agricultura e à pastagem.
O item terra abandonada ocupa o segundo lugar dos usos da terra desmatada. Tanto pela quantidade de polígonos analisados (67) quanto pelo percentual de área (24,10%). “É o pior dos tipos de desmatamento, pois acaba com a vegetação, prejudica toda a biodiversidade e do ponto de vista produtivo aquela área desmatada sequer está sendo utilizada”, avalia um dos pesquisadores, Leandro Parente.
O projeto é gerido pelo Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird/Banco Mundial) e financiado pelo Fundo Estratégico do Clima. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e Comunicações (MCTI) é responsável pelo gerenciamento da plataforma.