Em um cenário em que o PT, partido do presidente Lula da Silva (PT), corre o risco de não eleger prefeitos de capitais, o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem expectativa segundo reportagem de Andrea Jubé e César Felício, do jornal Valor, de eleger de 6 a 8 prefeitos nesses municípios. Com Bolsonaro promovendo atos públicos para se defender em todo o país, e lançando pré-candidatos, a sigla mantem a aposta de triplicar o número de prefeitos no pleito de outubro, saltando de 371 para 1 mil prefeituras.
Dono da maior fatia do fundo eleitoral, o PL vai alugar dois jatos para que seus principais cabos eleitorais percorram o país. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulga os valores do fundo para cada legenda somente em junho, mas estimativas mostram que o PL deve receber cerca de R$ 860 milhões do total de R$ 4,9 bilhões reservado no orçamento federal para as campanhas deste ano.
O partido resiste em abrir mão desses valores em função da tragédia climática do Rio Grande do Sul. Deputados gaúchos tentam articular uma proposta para que os recursos do fundo caiam à metade. O argumento que o PL pretende usar é que o corte do fundo favorecerá os candidatos mais ricos, com recursos próprios para campanha.
Uma aeronave será reservada para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, e a outra para o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), o mais votado do país, com 1,5 milhão de votos, fenômeno de redes sociais. Segundo fontes do PL, Bolsonaro já avisou que prefere viajar em aviões comerciais.
O PL investe em Nikolas para consolidá-lo como líder nacional. Uma fonte do partido relatou que o deputado federal André Fernandes (PL-CE) pediu que Nikolas participasse do ato de lançamento de sua pré-candidatura a prefeito de Fortaleza no dia 12 de abril. Fernandes disse a interlocutores que a presença do mineiro teria contribuído para lotar o evento.
O partido confia na reeleição dos prefeitos de Maceió (AL), João Henrique Caldas, o JHC, e de Rio Branco (AC), Tião Bocalom. JHC terá de enfrentar o candidato do MDB, deputado Rafael Brito, apoiado pelo governador Paulo Dantas (MDB), aliado do ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), e do senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Outros postulantes competitivos são os deputados Abílio Brunini (PL-MT), para a Prefeitura de Cuiabá, e Gustavo Gayer (PL-GO) em Goiânia. Outro influencer nas redes sociais, denunciado por racismo pela Procuradoria Geral da República, Gayer enfrenta a resistência à sua candidatura de Bolsonaro, que o quer ao seu lado, nos atos públicos que promove pelo país. Outra aposta é o deputado Delegado Éder Mauro (PL-PA) em Belém. Integrante da bancada da bala que já disse em discurso “ter matado muita gente”, Mauro deve enfrentar a máquina do governador Helder Barbalho (MDB) na disputa pela Prefeitura de Belém. O prefeito atual, Edmilson Rodrigues (Psol), é visto como pouco competitivo.
Bolsonaro vai se engajar ao máximo nas campanhas pelas prefeituras do Rio, seu domicílio eleitoral, Belo Horizonte e São Paulo. Na capital paulista, o PL deve ter o candidato a vice na chapa do prefeito Ricardo Nunes, que busca a reeleição. Embora concorra no reduto eleitoral dos Bolsonaro, o ex-presidente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem (PL-RJ), não é favorito.
Em Belo Horizonte, o deputado estadual Bruno Engler (PL-MG) é o nome do bolsonarismo, em uma disputa onde as pesquisas ainda não apontam favorito.
Na capital paulista, Bolsonaro insiste em ter a palavra final sobre a escolha do vice de Nunes. O ex-presidente e Valdemar chancelam o nome do coronel Ricardo Mello Araújo, ex-comandante da Rota e ex-presidente da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns), mas Nunes prefere a vereadora do PL, Rute Costa, ligada à Assembleia de Deus.
Valdemar e Bolsonaro veem potencial nos deputados Capitão Alberto Neto (PL) em Manaus, Capitão Assumção (PL) em Vitória e André Fernandes em Fortaleza. Entre as mulheres, as apostas são a deputada estadual Janad Valcari em Palmas (TO), e a vereadora Emília Corrêa em Aracaju (SE).