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A decisão do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, de ir à televisão na última semana para deixar claro que caberá ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) traçar os rumos da sigla em 2026 buscou minimizar as especulações de eventuais substitutos na direita na próxima disputa ao Palácio do Planalto. Bolsonaro está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Nós queremos o Bolsonaro candidato a presidente do Brasil pelo PL”, disse Costa Neto, em vídeo divulgado em cadeia nacional, no sábado (15), registra Julia Lindner e César Felício, do Valor.
“Agora, se ele não for [disputar], quem decide quem vai ser o candidato a presidente é o Bolsonaro. Quem decide quem vai ser o candidato a vice-presidente é o Bolsonaro. Devemos isso a ele. Quem tem voto é ele. O Bolsonaro e o povo brasileiro fizeram do PL o maior partido do Brasil”, acrescentou o presidente do PL na propaganda partidária.
Integrantes do partido dizem que a campanha foi pensada como recado para “ninguém ficar se apresentando como candidato” à Presidência na próxima disputa ao Executivo.
Mesmo com Bolsonaro inelegível, o presidente do PL acredita que o cenário pode ser revertido até 2026. Enquanto houver essa esperança, dizem pessoas próximas a Costa Neto, o intuito é evitar gerar expectativa de outro nome. Isso vale para os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), do Republicanos, Ratinho Jr. (Paraná), do PSD, e Ronaldo Caiado (Goiás) do União Brasil, apontados como possíveis alternativas.
Para pessoas próximas à família Bolsonaro, Costa Neto já entendeu que o ex-presidente “é um bom cabo eleitoral e tem uma grande capacidade de transferências de voto”. “Não faria sentido para o Valdemar tentar empurrar um candidato que o Bolsonaro não topasse”, considerou um interlocutor da família.
Uma outra pessoa ligada aos Bolsonaro lembra que o ex-presidente ficou insatisfeito até mesmo quando a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foi cotada para disputar a Presidência da República em 2026.
Em março de 2023, quando o nome de Michelle ganhou força, Bolsonaro disse que ela não tinha interesse nem “vivência política”. A eventual candidatura foi ventilada meses antes por Costa Neto, o que desagradou o ex-presidente. “Ela falou que não quer assumir o Executivo, até porque não tem a vivência. Tem que ter algo mais. Eu tive dificuldade para ser presidente, mesmo com anos de Congresso. A Michelle está fora disso, ela não deseja.”
Um dos momentos considerados mais emblemáticas pelo seu entorno foi Bolsonaro ter dito que “não estava morto” ao ficar inelegível, há cerca de um ano. “Sobre 2026, eu costumo dizer que só estou morto quando estiver enterrado”, declarou o ex-presidente em outra ocasião.
