O advogado Carlos Dantas, que defende o militar da reserva Aparecido Portela no Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que a Polícia Federal (PF) agiu politicamente ao indiciar Portela no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado no País. Procurada, a PF não respondeu. Dantas disse ainda que o militar é muito próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“É tudo muito estranho. A PF agiu politicamente. O relatório que indiciou Portela não tem nenhuma prova nova, fato novo, nada diferente do anterior. As acusações são inverídicas”, disse em entrevista exclusiva à Coluna do Estadão, ressaltando que Portela seguirá como suplente da senadora Tereza Cristina (PP-MS) e presidente estadual do PL, partido de Bolsonaro, no Mato Grosso do Sul.
Portela foi indiciado pela PF na última quarta-feira, 11, além de outros dois militares. No mês passado, a Polícia Federal já havia indiciado Bolsonaro e mais 36 pessoas por suposta tentativa de golpe de Estado.
Segundo a investigação, o tenente Portela foi um intermediário entre Bolsonaro e financiadores de manifestações antidemocráticas em Mato Grosso do Sul. Ainda de acordo com a PF, Portela visitou o Palácio da Alvorada 13 vezes em dezembro de 2022, quando o então presidente Bolsonaro havia perdido a reeleição para Lula.
“Portela e Bolsonaro são amigos desde os anos 1970, quando serviram juntos no Exército no Mato Grosso do Sul. Bolsonaro sempre chamou Portela para festividades e têm uma relação de muita amizade”, afirmou o advogado de Portela.
Bolsonaro e Portela se conheceram em Nioaque (MS), perto da fronteira com o Paraguai. Na época, a dupla tentou plantar arroz e garimpar ouro, segundo a Polícia Federal.
Procurada, a Polícia Federal não respondeu. O espaço segue aberto.