As cotações do petróleo já dispararam mais de 30% neste ano nos Estados Unidos. O contrato futuro do WTI, o petróleo de referência no mercado americano, encerrou a sexta-feira, 19, negociado a 65,67 dólares, o nível mais alto em quase dois anos.
De acordo com Charles Gave, sócio-fundador e presidente do conselho da Gavekal Research, uma das casas de análise macro mais respeitadas do mundo, se os preços do petróleo subirem mais rapidamente do que o PIB nominal, isso vai significar escassez de energia. Essa situação culminaria em um aumento da inflação e na redução da relação preço/lucro.
O assunto é tratado no novo relatório da revista Exame em parceria da Gavekal e a Exame Invest Pro.
“Todos os períodos inflacionários ocorreram quando a relação entre o crescimento econômico e os preços do petróleo estava em queda. Além disso, todas as recessões nos EUA aconteceram após um efetivo aumento de impostos causado pelo petróleo. Posso atestar que todas as recessões americanas em minha carreira ocorreram porque os preços do petróleo estavam muito altos”, destacou Gave.
Para explicar sua tese, Gave utilizou a “Teoria Malthusiana”, sobre demografia, criada pelo economista inglês Thomas Robert Malthus. A teoria defende que a população cresce mais rápido do que a produção de alimentos. Em sua adaptação dessa tese, Gave mostra um gráfico que tem o preço do petróleo como causa de recessões nos EUA e aponta a relação da commodity com a inflação.
“Mudanças no preço do petróleo nos últimos 60 anos foram uma das principais causas das recessões nos EUA. E como fica a situação de hoje? Se [o governo] imprimir mais dinheiro para ‘apoiar a economia’, o resultado será um aumento nos preços da energia e um colapso potencial ainda maior”, disse Gave.
O fundador da Gavekal Research destacou que os bancos centrais têm o poder de imprimir mais dinheiro, mas não podem gerar riqueza. E salientou que investidores deverão aportar seus recursos em moedas com desempenho superior às ações em economias com deficiência de energia. Segundo ele, no momento, o mercado asiático pode ser o alvo.