A Petrobras se tornou a primeira, entre as grandes petroleiras do mundo, a substituir totalmente o uso de mergulhadores profissionais por operações com robôs submarinos em profundidades maiores que 50 metros.
Além de garantir mais segurança aos trabalhadores na produção de petróleo e gás em alto mar, a ampliação do uso de robôs deverá gerar uma economia de até US$ 400 milhões — cerca de R$ 2 bilhões pela taxa de câmbio atual — nos próximos quatro anos.
De acordo com o gerente-executivo de sistemas submarinos da Petrobras, Suen Marcet, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) classifica a função dos mergulhadores em plataformas marítimas como a segunda atividade profissional de maior estresse e exposição ao risco, atrás apenas dos astronautas.
“Os mergulhos com profundidade superior a 50 metros exigem até 28 dias de preparo”, explica Marcet. Antes de descer a profundidades de até 300 metros, os mergulhadores entram numa câmara pressurizada, que faz o corpo chegar à pressão enfrentada.
Uma das etapas preparatórias envolve a respiração de uma mistura que substitui o nitrogênio pelo gás hélio. Os procedimentos de compressão deixam a voz aguda e alteram o sabor dos alimentos, já que o paladar fica mais metálico. Além disso, o hélio modifica a sensação térmica.
Depois, para a descida efetivamente, os profissionais entram no “sino” — uma estrutura metálica que os leva até o local do trabalho submerso nas plataformas. A Petrobras já chegou a realizar cerca de dois mil mergulhos saturados (com o preparo nas câmaras pressurizadas) por ano.
Tudo isso está sendo trocado agora pelo uso de robôs, reduzindo a exposição dos trabalhadores ao risco e dando mais segurança às operações. A tecnologia de ponta também aumenta a confiabilidade para o acionamento de válvulas de segurança das plataformas.
O primeiro projeto 100% “diverless” (sem mergulhadores) da Petrobras ocorreu em 2023, durante adequações nos circuitos de válvulas de segurança da plataforma Mexilhão, que fica localizada na Bacia de Santos e é responsável pelo escoamento de quase um quinto do gás produzido no Brasil. A troca de peças foi feita inteiramente por robôs.
A Petrobras continuará contando com mergulhadores para as atividades até 50 metros de profundidade. Parte dos profissionais está migrando para atuação em frentes “diverless” e sendo treinada para a operação de robôs submarinos.