Com base em levantamentos internos e pesquisas que apontam cenário indefinido na sucessão estadual, a ausência de Jerônimo Rodrigues (PT) no debate da TV Bahia nesta última quinta-feira (27) foi considerada por caciques da base aliada e integrantes da campanha petista conforme a coluna Satélite, do Correio*, como um erro estratégico na reta final do segundo turno. A avaliação, segundo políticos governistas ouvidos pela coluna, não leva tanto em conta a decisão de evitar o duelo direto com ACM Neto (União Brasil). A falha, destacam, está no timing com o qual anunciou que não participaria, feito pouco antes do horário previsto para o confronto.
“Era para ter dito logo que não iria, e não depois de dias de propaganda intensa da TV Bahia para elevar a audiência do debate, além de informar que Jerônimo e Neto foram convidados. Manter o suspense por mais tempo do que deveria gerou expectativa no público. O que pode ter sido um risco grande quando os números não dão segurança de vitória. Pelo contrário. Trazem incertezas”, ressaltou um cardeal influente da base.
Reservadamente, fontes que atuam junto à coordenação da campanha de Jerônimo revelaram preocupação com o eventual impacto da ausência de Jerônimo no debate às vésperas da votação. Em especial, pelo discurso adotado por ACM Neto nos 30 minutos em que protagonizou o último ato dos candidatos ao Palácio de Ondina na televisão. Liberado pelas regras da emissora a apresentar duas perguntas que seriam dirigidas ao opositor caso ele estivesse presente, o ex-prefeito foi certeiro, admitem auxiliares do petista. De cara, abordou o mau desempenho de Jerônimo em todos os cargos que ocupou, das secretarias da Educação e do Desenvolvimento Rural do estado ao alto escalão da prefeitura de Aiquara, sua cidade natal.
No segundo questionamento, ACM Neto explorou a declaração concedida pelo rival na recente sabatina da Folha de S.Paulo, quando disse estar preparado para gerir o estado apenas com Lula (PT) na Presidência. A pergunta foi direcionada à fatia do eleitorado que apoia o ex-presidente, mas não está tão convencida do voto casado com Jerônimo na corrida pelo governo e teme o que pode ocorrer com a Bahia caso Jair Bolsonaro (PL) seja reeleito.
Embora tenham noção dos possíveis danos provocados pela fuga do debate, a cúpula do PT e os responsáveis pela tática de Jerônimo no segundo turno consideraram que o ônus decorrente da ausência no confronto seria menor do que as perdas geradas por uma provável má performance do petista diante de centenas de milhares de telespectadores.