Chama atenção, nas pesquisas que se sucedem, a resiliência do quadro: os presidenciáveis mais competitivos estão agarrados ao chão, sem se deslocarem.
Parte da explicação pode estar nos institutos de pesquisa de apresentarem Lula como candidato, fato que reitera a narrativa do “golpe”. Nas simulações feitas com o nome de Lula, ele é imbatível. Quando substituído por Haddad, o desempenho petista despenca e Marina ganha fôlego.
Bolsonaro persiste na dianteira, indicando que sua audiência é fiel. A segunda posição de Marina mostra que biografia épica, recall e insistência em uma “nova política” compensam a falta de estrutura de campanha e a recusa a coligações.
Ciro e Alckmin caminham abraçados, o eleitorado parece indiferente à qualidade técnica e à experiência administrativa que ambos podem exibir. Ciro sofre as consequências do isolamento a que foi submetido pelo PT. Já Alckmin, em que pese a grande coligação, continua estacionado, vitimado pela má vontade do eleitor com a política. Para complicar, sua campanha enfrenta problemas complicados no plano regional, especialmente no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde poderá até ser “cristianizado”. Seu maior trunfo está no horário gratuito.
Nos cenários de segundo turno avaliados pela pesquisa da CNT, sem o nome de Lula, Bolsonaro está um passo à frente dos adversários, seja ele Alckmin, Ciro ou Marina. O que ajuda a explicar a agitação que tomou conta do mercado e dos analistas políticos.
Os índices de rejeição são altos, e afetam particularmente os dois mais bem colocados: Lula (30%) e Bolsonaro (37%). Será uma surpresa e um complicador a mais se um deles for eleito.
A pesquisa deixa claro que das 13 candidaturas poucas têm músculos para ir ao segundo turno. A briga entre elas irá recrudescer nas próximas semanas, com efeitos que ainda não dá para prever.
Por Marco Aurélio Nogueira