Segundo a ALBA, nesta terça-feira (8), é celebrado o bicentenário da Batalha de Pirajá, um capítulo da história de lutas que culminou com a Independência da Bahia em 2 de julho de 1823. Em 8 de novembro de 1822, Salvador foi palco do confronto que se tornou um dos marcos principais no processo de expulsão das tropas portuguesas do Brasil.
Na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), um grupo de pesquisadores se debruçou sobre documentos relacionados à história da Independência da Bahia, que completará 200 anos em julho de 2023. A equipe intersetorial reúne especialistas e servidores do Departamento de Pesquisa, do Memorial, da Coordenação de Anais, da Assessoria de Comunicação e da Segurança da Casa.
Conforme destacado por Arlete Neiva, gerente do Departamento de Pesquisa da ALBA, o ponto de partida do trabalho foi uma consulta ao Arquivo Público do Estado, importante equipamento de preservação da história da Bahia e do Brasil. Com o apoio das superintendências de Assuntos Parlamentares (SAP), Breno Valadares e Recursos Humanos (SRH), Francisco Raposo, da Diretoria Parlamentar, Dr. Geraldo Mascarenhas e do Presidênte do Legislativo, deputado Adolfo Menezes (PSD) a equipe de pesquisadores se dedicou à produção de textos, material audiovisual e resgate de imagens, elementos que farão parte da celebração do bicentenário da independência do Brasil na Bahia.
No material a ser disponibilizado em um site comemorativo, previsto para ser lançado na segunda quinzena de novembro, consta, por exemplo, a produção legislativa que culminou na Lei Provincial nº 43 e concedeu o título de Heróica à cidade de Cachoeira, e de Leal à cidade de Santo Amaro. Além disso, o portal reunirá as biografias de alguns baianos que participaram ativamente para libertar a Bahia e que vieram a fazer parte da primeira legislatura de deputados baianos, de 1835 a 1837. Entre eles, estavam Miguel Calmon de Pinho Almeida, Marquês de Abrantes, Antônio Pereira Rebouças e Visconde de Pirajá.
“Esse trabalho é um resgate da história e da memória das lutas do povo baiano, além de destacar a importância do 2 de Julho”, disse Arlete, que também destacou a participação e o empenho dos servidores integrantes do grupo de pesquisa.
Segundo Cláudio Oliveira, coordenador do Memorial do Legislativo, o trabalho de pesquisa obteve mapas antigos e imagens raras, como a ilustração do campo de batalha que consta no livro de Carybé, do autor Bruno Ferrer. A obra integra o acervo da Biblioteca Aloysio da Franca Rocha, no Parlamento baiano.
Diversidade
O confronto na região de Pirajá, palco da guerra das forças brasileiras contra os portugueses, foi marcado pela participação de batalhões que reuniam pessoas de diversas regiões da Bahia e até de províncias vizinhas, como Sergipe e Pernambuco.
Para Daniel Silva, analista de pesquisa do Departamento de Pesquisas da ALBA, a Batalha de Pirajá é um ponto de virada dos combates na guerra de independência no Brasil. “Salvador tinha um papel muito importante naquele momento, um dos grandes portos do Atlântico. A manutenção de Salvador era estratégica para Portugal”, contextualizou.
As forças armadas lusitanas enfrentavam adversidades como falta de alimentos e material hospitalar. “Os combates começam por volta de junho e julho de 1822. A despeito de tudo isso que os portugueses passam, eles terminam encurralados em Salvador. Nos primeiros meses de 1823, Salvador já reunia uma força militar maior, formada por voluntários, batalhões de várias regiões da Bahia e de outros estados, configurando o embrião de um exército nacional comandado pelo general Labatut”, relatou o pesquisador. A partir desse combate de Pirajá, os portugueses deixam de ter condições de avançar em direção à conquista do Recôncavo e outras regiões baianas.
Entre os grupos de voluntários que auxiliaram as forças brasileiras no processo de combate aos portugueses, o analista legislativo Pierre Simões destacou: Batalhão dos Henriques, formado por negros e pardos; os Encourados de Pedrão, composto de vaqueiros; os Voluntários do Príncipe, integrado por pessoas advindas das camadas populares; e o 3º Batalhão dos Caçadores, conhecido como batalhão dos periquitos devido à cor do fardamento.
O engajamento popular na luta pela independência da Bahia é um detalhe destacado pelos pesquisadores. Nesse cenário, o analista de pesquisa Daniel Silva chama a atenção para a participação de mulheres e pessoas anônimas. “A participação de mulheres nesse processo de guerra é uma questão que não pode ser negligenciada. Elas tiveram uma participação extremamente ativa. Maria Quitéria, por exemplo, tem a relevância de ser rememorada, mas você tem uma série de pessoas anônimas que também tomaram parte nesse combate”, explicou.