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quinta-feira 28 de setembro de 2023 às 11:10h

Pesquisa revela que 115 milhões de brasileiros só realizaram sonhos materiais com parcelado sem juros no cartão

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Levantamento inédito realizado entre consumidores que utilizam o cartão de crédito revela que quase 115 milhões de brasileiros só conseguiram conquistar seus sonhos porque puderam comprar na modalidade de parcelamento sem juros.

A pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva para entidades ligadas ao setor de comércio e serviços mostra a importância do crédito na economia e as possíveis consequências do fim do parcelado sem juros. Ainda segundo a sondagem, o parcelamento sem juros está mais presente em categorias com ticket médio mais alto, como eletrodomésticos, viagens e eletroeletrônicos, demonstrando o importante papel do consumo planejado. Entre os compradores de itens essenciais da chamada linha branca, como geladeira, fogão e micro-ondas, nos últimos 12 meses, por exemplo, cerca de 76% afirmam que parcelaram suas compras. Esse mesmo número de brasileiros também conquistou o tão sonhado passeio graças ao parcelamento da viagem e da hospedagem sem acréscimos.

A pesquisa também aferiu que, entre quem comprou eletroeletrônicos, como TVs e computadores, no último ano, 71% parcelaram as compras, assim como 67% entre os que adquiriram peças de vestuário e 61% entre quem adquiriu serviços de educação/cursos, tiveram acesso graças à diluição dos valores sem acréscimo no crédito.

Cerca de 113,5 milhões de brasileiros (74% dos pesquisados), teriam que adiar seus sonhos se não tivessem essa opção na hora de adquirir um bem ou serviço. Apenas 11% das pessoas discordaram dessa afirmação. A preferência por esse modelo pode ser observada, ainda, quando se avalia a amostragem de pessoas que optariam por uma nova compra de R$1.000 em 10 vezes sem juros no cartão de crédito a 12 vezes com juros no crediário.

Para o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, os dados são um lembrete de que o parcelamento sem juros vai muito além da escolha de pagamento. “Ele é um catalisador que torna sonhos em realidade para quase 115 milhões de brasileiros. Se retirarmos essa ferramenta das mãos dos consumidores, não apenas adiaremos sonhos, mas também estagnaremos a retomada econômica do país.”

Impactos

Cerca de 80% dos consumidores brasileiros (aproximadamente 123,3 milhões de pessoas) desistiriam da compra de alguns produtos e serviços se a empresa não desse a opção de parcelar sem juros, apurou o levantamento. 78% dos entrevistados informaram que comprariam menos do que costumam atualmente, caso não fosse mais possível dividir sem juros, adiando seus sonhos.

Para o Presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), José César da Costa, os dados acendem um alerta para o setor. “O crédito sem juros é um dos principais aliados dos empreendedores para manterem seus negócios. Qualquer empresa ficaria economicamente inviável sem esse modelo, culturalmente praticado no Brasil, gerando grandes prejuízos à economia do País”, avalia.

A sondagem indicou os setores que seriam mais prejudicados: 64% declararam que o fim do parcelamento sem taxas prejudicaria muito no consumo de eletrodomésticos; 63% indicaram o setor de eletrônicos; 57% responderam passagens aéreas/hospedagem; e 53% apontaram o ramo de educação/cursos.

Outro setor que seria afetado pelo fim das parcelas sem juros é o da construção civil. De acordo com o Presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Geraldo Defalco, “o cartão de crédito é a ponte que conecta os consumidores aos seus sonhos. Acabar com as compras sem juros irá adiar ou interromper a aspiração de conquistar um imóvel, trabalhar uma reforma da casa ou erguer o próprio negócio. Pode ser um desastre para esse ramo e tantos outros.”

O estudo evidencia que os consumidores também se opõem ao fim do parcelamento sem juros. Um recorte mostra que 102 milhões de brasileiros são contra o fim dessa modalidade.

Endividamento

Diferente do que está no inconsciente popular, influenciado pelo que é propagado por atores diversos do mercado, a pesquisa revelou que há maior parcela de inadimplentes entre quem não tem cartão de crédito do que entre aqueles que possuem – 53% das pessoas que estão com os pagamentos atrasados não utilizam cartão de crédito contra 34% dos que fazem uso desse recurso.

O levantamento questionou também se os brasileiros acreditam que ficariam mais endividados caso os parcelamentos no cartão passassem a ter juros. Aproximadamente 77% responderam que ficariam devendo caso todas as compras tivessem algum acréscimo. Isso representaria quase 117,4 milhões de pessoas a mais com dívidas.

Para o Presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, esse recorte da apuração pode ser um recado ao Senado, onde tramita o Projeto de Lei 2685/2022, já aprovado pela Câmara dos Deputados, que limita os juros dos cartões de crédito e cria o programa Desenrola Brasil. “Acabar com o parcelamento sem juros vai na contramão dessa iniciativa. Liberdade de escolha e acesso ao crédito sem juros são direitos conquistados em muitos anos, promovendo inclusão financeira e possibilitando o planejamento responsável das finanças pessoais”, completa.

O levantamento concluiu ainda que mais da metade dos brasileiros têm conhecimento sobre o possível fim do parcelamento sem juros. “Os congressistas estão atentos a isso e estamos convictos que não permitirão o fim ou o aleijamento de um modelo tão importante para o País”, acrescenta Solmucci.

A pesquisa

A apuração do Instituto Locomotiva foi feita entre os dias 30 de agosto e 11 de setembro de 2023 com 1.000 consumidores das classes A, B, C, D e E. A pesquisa quantitativa de autopreenchimento com portadores de celular ouviu homens e mulheres com mais de 18 anos. Foi encomendada pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços (Afrac), Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Os recortes podem ser acessados no documento anexo.

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